quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

BAÍA DE PARANAGUÁ: SIM, FOI AMÉRICO VESPÚCIO QUEM A DESCOBRIU.


Havia uma frenética busca pelo Caminho Marítimo para as Índias pelo Oeste. As cortes portuguesas e espanholas já haviam se convencido que Cristóvão Colombo havia falhado: Ficou ali no Caribe desde 1492 dando trombadas de ilha em ilha e mentia para a Coroa chamando os nativos de ‘Índios’, como referencia às terras das especiarias que buscava e era financiado no final do século XV. O istmo da atual América Central era a barreira natural para oeste e a tão cobiçada Índia!
As espionagens, contrainformação e traições eram comuns já naquela época. Descobertas, mapas e expedições eram Segredos Reais, guardados a sete chaves.
Os reinos em geral, eram financiados por Casas Bancárias, no caso espanhol e português, os Florentinos e Genoveses eram muito atuantes para armar as expedições. Afinal, tudo era por dinheiro e poder.
Uma boa descoberta e novas rotas secretas de especiarias, resultavam em muita riqueza, por isso, os banqueiros italianos eram os mais atuantes.
Amerigo Vespucci ou no melhor português: Américo Vespúcio, era um jovem e culto Florentino que trabalhava na casa bancaria para seu tio Lorenzo Pierfrancesco dei Medici, em Sevilha na Espanha desde 1491.



Foi educado na capital da cultura italiana: Florença. Era época do Renascentismo europeu, onde as artes, as ciências, a astronomia e o comércio floresciam. Contemporâneos de Vespúcio? Michelangelo e Da Vinci. Era uma época de explosão pela busca do desconhecido.
Atribui-se também à Casa Bancária dos Medici ter financiado parte das viagens de Colombo, e que para isso, em 1497 ele embarca na sua primeira viagem, como um auditor financeiro querendo ver a competência dos tomadores de seus recursos. Portanto, entre maio de 1497 e outubro de 1498, teria participado de uma expedição comandada por Vicente Pinzón e Juan de Solís para percorrer as rotas abertas nos anos anteriores.
No início de 1500, já com o Tratado de Tordesilhas assinado, os espanhóis lançaram quatro expedições um pouco mais ao sul da rota de Colombo, que tocariam a costa do Brasil.
Para entender melhor como funcionavam as expedições daqueles rudes capitães de naus, resolveu embarcar na expedição de Alonso Hojeda, seguindo a rota de Vicente Pinzón e de seu irmão Francisco, que em 26 de janeiro de 1500 são os primeiro europeus a desembarcar em terras do atual território do Brasil.[1]
O local é disputado até hoje, onde seria a espanhola Santa María de La Consolación assim batizada pelos Pinzón. Mas é a cidade de Cabo Agostinho, atual Pernambuco que se orgulha desse feito.
Pouca gente sabe, mas foram os irmãos Vicente, Francisco e Martín Pinzón que comandaram as três naus da expedição de Colombo. Sem os três, Cristóvão Colombo não teriam entrada pra história.
Depois vieram em poucos dias as naus de Diego de Lepe, primo dos irmãos Pinzón e Hojeda com seu ilustre tripulante e então banqueiro Américo Vespúcio, que a bordo, praticava seus conhecimentos de matemática e astronomia aprendidas nos altos estudos escolares em Florença.
Foi nesta viagem que Vespúcio, a bordo da nau de Alonso de Hojeda, batiza uma baía na costa norte da atual América do Sul de “Venezuela”, ou seja, uma pequena “Veneza”, pois o povo nativo do lago Maracaibo habitavam casas sobre palafitas sobre as águas, lembrando a cidade sobre águas de sua Itália.
A paixão pela navegação se deu nestes anos. Vespúcio ao retornar pra Espanha deixa de ser um banqueiro para se tornar um homem do mar.
O serviço de espionagem Lusitano leva ao Rei Dom Manuel a notícia das navegações e novas descobertas Castelhanas. Então o que fez o rei português? Contratou o florentino Américo Vespúcio para tripular e cartografar as suas terras ao sul das descobertas espanholas, além de procurar o caminho oeste para as Índias e até mesmo de servir de base para a navegação às especiarias pela rota leste, como Pedro Álvares (depois Cabral) havia feito quando tocou aa novas terras do Brasil em abril de 1500.

Viagens atribuidas a Vespúcio

Em 28 de Agosto de 1501, a expedição portuguesa comandada por Gaspar de Lemos tinha a bordo um ilustre observador, o florentino Américo Vespúcio. Nesta data tocam o solo brasileiro no atual Cabo de Santo Agostinho, tal como os irmãos Pinzón havia feito há mais de um ano e meio antes. Coincidência ou não Vespúcio estar nesta viagem?
A partir daí os portugueses enfim percebem que o Brasil não era a “Ilha de Vera Cruz”, e começam a chama-lo de “Terra de Santa Cruz” pois a expedição foi nominando vários acidentes geográficos mais ao sul: Cabo de São Roque, Cabo de Santo Agostinho, Baía de Todos os Santos.
Continua rumo ao sul e vai nominando os acidentes geográficos: Cabo Frio, Rio de Janeiro a São Vicente. O dia do santo Católico segundo o calendário, era escolhido para nomear o acidente geográfico referenciado nos mapas e diários de bordo.
Esta viagem nos anos 1501 a 1502 é a mais precisa e detalhada de Vespúcio, que teria navegado até a latitude 50° Sul, ou seja, teria chegado ao extremo sul da atual Argentina.
Por que razão as navegações sob bandeira portuguesa ficam praticamente ocultas nessa época quando o astrolábio mostrava a latitude 25°30’ Sul? A resposta é: Terras Castelhanas. Mapas espanhóis antigo denominava nesta latitude uma Bahía de la Reyna de Castilla.
A viagem, os cálculos e a agulha da bússola apontavam que a costa ia “entrando pra oeste”, possivelmente estaria fora da jurisdição portuguesa pelo Tratado de Tordesilhas, a expedição se divide e pela primeira vez, Vespúcio assume o comando de uma flotilha em assembleia de tripulantes em alguma praia possivelmente dentro da baía de Paranaguá na enseada das Conchas na atual Ilha do Mel.

Baía de Paranaguá -vista satélite

Portanto, a entrada da Baía de Paranaguá nesta coordenada de latitude, estava numa ‘zona cinzenta’, e pelas dúvidas, evitava-se que Dom Manuel tivesse conflitos com seus sogros, os Reis de Espanha.
Para um velejador que percorre a costa brasileira buscando uma ‘passagem’ à oeste, é quase obrigatório entrar nas três grandes baías da costas do Brasil: Todos os Santos, Bahia; Guanabara, Rio de Janeiro e Paranaguá.
Retornando a Portugal, o rei ordena uma outra expedição com objetivo de seguir o mapeamento da costa e procurar a tão esperada passagem para oeste.
Novamente, Américo Vespúcio embarca. Agora na expedição de Gonçalo Coelho, que parte do Rio Tejo em meados de 1503 e retornando em julho de 1504. Foi essa expedição que, acidentalmente descobre a atual ilha Fernando de Noronha. Esta viagem alguns autores como seu biógrafo Alberto Magnaghi não a reconhecem como verdadeira, apesar de constar na famosa ‘Carta a Soderini’, texto impresso em Florença em 1505 que narra as aventuras de Vespúcio pelos mares que futuramente atribuíram seu nome: Américas.
Depois disso, só mais ao sul: Estuário do Rio da Prata, Bahía Blanca e Finalmente na Terra do Fogo, onde depois foi descoberto o Estreito de Magalhães, já tendo Américo Vespúcio sido nomeado em 1508 para o cargo supremo de Piloto Mayor de la Casa de Contratación de las Índias, responsável pelo tráfego marítimo do além-mar espanhol, capacitação dos capitães e pilotos.
Teria então sido o Almirante Américo Vespúcio que orientou e passou a rota e o mapa da entrada do tão procurado estreito (de Magalhães) para o lusitano Fernão de Magalhães a serviço da Coroa Espanhola em 1519, quando iniciou sua viagem de circum-navegação?
Portanto, não temos dúvidas: Foi Américo Vespúcio e seus marinheiros lusitanos, os primeiros europeus a adentrarem no Grande Mar Redondo: Paranaguá.
Esta baía por situar-se na latitude 25° 30 Sul, que era o limiar das terras de dois reinos poderosos em sua época, fica à mercê do descaso e esquecimento, pois os segredos da época praticamente lhe apagavam do mapa por razões estratégicas para portugueses e espanhóis.
Hoje com aparelhos modernos, já se sabe que a linha do meridiano de Tordesilhas passa exatamente sobre o porto e a cidade Paranaguá: é o meridiano da cidade de Belém do Pará: 48°30’ Oeste.
Assim, se cruzarmos as duas coordenadas de latitude e longitude, estaremos exatamente dentro da ‘Baía Esquecida’.

Estes são trechos do meu futuro livro: A Baía Esquecida que aos poucos vou montando por este blog.

Até a próxima!








[1] Da obra ‘Vicente Pinzón e a descoberta do Brasil’, de Rodolfo Espíndola (p.37).

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