tag:blogger.com,1999:blog-77174847741043208632024-02-20T18:52:38.558-03:00A BAÍA ESQUECIDAHistória e estórias ocorridas na Baía de Paranaguá (1502-2015)Daniel Lucio Oliveira de Souzahttp://www.blogger.com/profile/17459041040263419497noreply@blogger.comBlogger7125tag:blogger.com,1999:blog-7717484774104320863.post-9196742834003102052015-05-22T16:43:00.001-03:002015-05-22T16:43:09.181-03:00CAFÉ COM CULTURA: Um pouco da história de Paranaguá<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Fui honrado com um convite esses dias atrás. Veio de uma amiga especial: Maria Angélica Lobo Leomil, presidente da Fundação Municipal de Cultura de Paranaguá, a Fumcul.<span id="more-6121" style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"></span></div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Nele, a Fundação me convida para ser moderador de uma mesa de debates culturais, mais especificamente da lei que criou em 1968 o Conselho Municipal de Cultura, e a importância daquele ato do então prefeito Nelson de Freitas Barbosa, que a história coloca como um dos mais importantes prefeitos de Paranaguá, por sua visão de um estadista municipal que pensou e teve a visão de uma cidade além de seu tempo.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
A prova disso, é que ele gostou tanto das conversas que teve com Antônio Pereira da Costa, um homem público de uma grandeza que aqueles tempos ainda produziam.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Voltemos à mesa que serei moderador:<br />O evento “Café com Cultura”, promovido pela Fumcul, aberto em 2015 no dia 21 de maio às 4 horas da tarde na Casa Monsenhor Celso, tem como convidados para participar da mesa algumas das figuras atuais que são ícones da memória cultural de Paranaguá: Alceu Maron, Florindo Wistuba Junior, José Maria de Freitas, Alessandro Stanicia e a eterna primeira-dama da cultura da cidade, professora Ivone Elias Marques.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
O peso cultural dessas pessoas por si só deixa minha responsabilidade com pernas bambas, tal é a importância e conhecimento deles sobre a história e formação cultural do nosso litoral, que subiu a Serra do Mar e ajudou a formar o estado do Paraná.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Parece que a cultura é algo que não agrega nada às nossas vidas não é mesmo?</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Temos contas pra pagar, criar nossos filhos e sustentar nossas famílias e sermos dominados pelo que se chama sociedade de consumo. Não somos máquinas: somos essencialmente seres sociais, com um conjunto de valores, comportamentos, expressões artísticas, linguagem regional, formação e miscigenação étnica, enfim, de história rica acumulada por séculos.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Nomes de ruas, praças, edifícios, estátuas, bustos, avenidas e escolas…. repetimos e repassamos a terceiros sem parar pra pensar por um segundo. Quem foram essas pessoas que construíram esse patrimônio cultural?</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Quem foi Antônio Moraes Pereira da Costa, que deu o nome à “Avenida</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Antônio Pereira” que sobrepõe a rodovia federal BR-277 no perímetro urbano e termina na portaria principal do Porto de Paranaguá?</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Este ex-funcionário da antiga Alfândega dos Portos Paranaguá e Antonina, teve intensa dedicação na vida social e política da cidade, mas como obra maior, foi sugerir ao então prefeito Nelson de Freitas Barbosa, a criação de um conselho municipal, que reunisse todos aqueles que se interessassem pela cultura, e fosse o órgão que fosse o formulador de políticas e eventos culturais do município de Paranaguá.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Suas ideias foram inspiradas nas conversas em Curitiba com o Dr. Andrade Muricy, então presidente do Conselho Nacional de Cultura.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
E assim se fez: um decreto do prefeito transformou Paranaguá no primeiro município do Brasil a constituir o seu Conselho Municipal de Cultura. Sabia?</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Daí tudo começou a fluir: a Casa Monsenhor Celso, a Casa Cecy, as produções literárias, palestras, pinturas, artesanatos, danças e as demais expressões artísticas locais, incentivadas por projetos culturais.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Minha participação neste evento, só pode ser uma conspiração do universo pelas mãos da querida amiga presidente da Fumcul.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Vejamos as coincidências da vida:</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
A Casa Monsenhor Celso é uma homenagem ao ilustre parnanguara Celso Itiberê da Cunha, que após ser ordenado padre, recebe sua primeira paróquia na cidade de Cerro Azul, no Paraná. Era 1873 e por lá ficou por diversos períodos intercalados até 1905.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Meus bisavós paternos, Joaquim e Laurinda Souza, católicos fervorosos foram fiéis da igreja do jovem padre Celso, cada vez mais famoso por seu carisma e simpatia. Meu avô Arlindo de Souza nasceu e foi batizado na igreja de Cerro Azul, provavelmente pelas mãos padre Celso.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Passou a ser chamado de “monsenhor” a partir de 1900, quando foi promovido a vigário da Arquidiocese de Curitiba e ainda visitava sua amada primeira paróquia: Cerro Azul.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
O monsenhor Celso faleceu em 11 de julho de 1930, uma comoção no Paraná: Curitiba, Paranaguá e Cerro Azul foram as cidades que mais choraram sua perda, pois significaram muito para o padre e seus seguidores.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Nos meses seguintes ao luto do monsenhor, ainda em 1930, minha avó Maria José estava grávida de seu primeiro filho e meu pai, que ao nascer recebe o nome de “Celso”.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Passadas várias gerações, quis o destino me trazer pra Paranaguá, desenvolver uma vida acadêmica, casar com uma mulher da terra, ter uma filha parnanguara, trabalhar no porto e ter a honra de estar numa ilustre mesa do Café com Cultura.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Obrigado à Fumcul e à presidente Maria Angélica pelo convite. Viram como o universo nos prega umas peças?</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Minha mensagem é: Cultura – alimentemos nossa alma com ela, e a vida passará a fazer sentido a nós e aos que estão à nossa volta.</div>
<br />
<div class="yarpp-related" style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin: 1em 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
</div>
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: transparent; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; border: 0px; color: black; font-family: Arial; font-size: 14px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 21px; margin: 5px 0px; orphans: auto; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; vertical-align: baseline; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
É a Minha Opinião.</div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: transparent; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; border: 0px; color: black; font-family: Arial; font-size: 14px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 21px; margin: 5px 0px; orphans: auto; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; vertical-align: baseline; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
<br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: transparent; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; border: 0px; color: black; font-family: Arial; font-size: 14px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 21px; margin: 5px 0px; orphans: auto; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; vertical-align: baseline; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
FONTE: Publicado na Web com o jornal eletrônico <a href="http://correiodolitoral.com/index.php/6121/colunistas-2/minha-opiniao/cafe-com-cultura-vamos-alimentar-a-alma">CORREIO DO LITORAL</a> (Guaratuba-PR).</div>
Daniel Lucio Oliveira de Souzahttp://www.blogger.com/profile/17459041040263419497noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7717484774104320863.post-17234558120936487432015-03-18T14:40:00.000-03:002015-03-18T14:46:17.208-03:00Porto de Paranaguá - 80 anos: Uma medalha no coração<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Tive a hora de participar de vários aniversários do nosso porto Dom Pedro II, em especial, do jubileu de diamante, ou seja seus 75 anos. Mandei fazer uma medalha comemorativa e entreguei-as uma a uma a cada um dos 700 portuários e até estagiários da Appa <span id="more-5303" style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"></span>(Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina) em março de 2010.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Aproveito para uma rápida pincelada pela história sobre os 80 anos do Porto Dom Pedro II. Pouca gente sabe o porquê do nome. Afinal, o que comemora-se deste velho octogenário é a entrada em operação em 1935 do novo cais inaugurado para substituir as precárias operações de canoas, carroças e lombos de mulas à beira das calçadas da Rua da Praia, com um singelo guincho na praça que hoje leva seu apelido.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
No final do Império, o imperador Dom Pedro II enviou seu ministro da Marinha, o barão de Tefé, para pôr fim a uma briga política que se travava no Paraná. Capelistas (como até hoje são chamados os antoninenses) e parnanguaras se digladiavam para serem escolhidas como o “porto oceânico” que o Imperador iria conceder a empresários a exploração na província.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Após estudos, o então almirante, geógrafo e ministro da Marinha Antônio Luís von Hoonholtz, mais conhecido como barão de Tefé, escolheu e indicou Antonina como local recomendado para o novo porto provincial.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Era um momento de glória para a cidade que já havia se separado de Paranaguá e tornara-se município em 1857.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Os parnanguaras ficaram furiosos!</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Uma comitiva de ilustres políticos locais rumaram para a corte imperial no Rio de Janeiro e quase deixaram o imperador maluco… quem sabe o ameaçaram de “impeachment”?</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Finalmente, o imperador assinava um decreto em 1872 concedendo a um grupo de empresários construção e exploração de um porto no local chamado Enseada do Gato, conhecido um portinho de canoas chamado Porto D’Água, onde se encontra o atual cais, nas proximidades do antigo prédio da alfândega, atual Receita Federal.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Antonina foi preterida, mas permaneceu o maior porto do Paraná até os anos 1950 em tonelagem movimentada. Erva-mate, madeira, produtos das indústrias Matarazzo com seu porto privado. Por isso o velho terminal da Appa na cidade leva o nome “Porto Barão de Tefé”, em homenagem ao ministro da marinha imperial que a escolheu.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Em compensação, alguém conhece alguma rua ou praça com o nome do “barão” em Paranaguá? Não, não há, foi banido!</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Apesar da concessão a particulares em 1872, o empreendimento não evoluiu. Mesmo após o desembarque do imperador Dom Pedro II em Paranaguá em 1880, quando lançou a pedra fundamental da obra da ferrovia Paranaguá-Morretes-Curitiba, que ligaria o novo porto à capital.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Mas o Império caiu! Foi proclamada a República em 1889 e tudo voltou à estaca zero.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Somente com a chegada ao poder de Getúlio Vargas em 1930, é que enfim a obra decolou, após os pedidos do então governador-interventor, o pontagrossense Manoel Ribas, que conseguiu com aliado político a concessã<span style="text-align: center;">o da construção do porto ao jovem estado do Paraná.</span>O Estado vendeu terras públicas e lançou bônus para as empresas que colonizariam o norte do estado. Nascem Londrina, Maringá, Cianorte e dezenas de outras colônias, cujas companhias de colonização e suas compras de glebas no estado financiaram e impulsionaram as obras do que é hoje o Porto de Paranaguá.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<b>17 de Março de 1935</b>: O navio-escola “Almirante Saldanha” atraca no cais, inaugurando oficialmente, pois a primeira operação de navio no porto já havia ocorrido em 1º de julho de 1934 com o vapor brasileiro “Bahia”, do saudoso armador Lloyd Brasileiro. E o nome do Porto? Justa homenagem ao imperador DOM PEDRO II, mesmo já estando em plena república do Estado Novo com Getúlio Vargas.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Para encerrar, aí vai a foto da medalha que entreguei em 17 de Março de 2010 por ocasião das Bodas de Diamante do Porto.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNfFEd1TtLamnXpT7Sijk73nIV0xkHODSvNoAShzGEgYZv7E7zjzJtX_-ZBPoTkYsHXNc7YOFWGpYTsoYAtea681Em7m56y5MvZqCiWkCbA6LR0AzpYg1tULZlJVD65z_hk82zErHw_6qu/s1600/medala+75+anos+APPA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNfFEd1TtLamnXpT7Sijk73nIV0xkHODSvNoAShzGEgYZv7E7zjzJtX_-ZBPoTkYsHXNc7YOFWGpYTsoYAtea681Em7m56y5MvZqCiWkCbA6LR0AzpYg1tULZlJVD65z_hk82zErHw_6qu/s1600/medala+75+anos+APPA.jpg" height="320" width="240" /></a></div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;">
<span style="font-size: x-small;">Medalha do Jubilei de Diamante - 75 anos do Porto de Paranaguá - Dom Pedro-II</span></div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
A ocasião me marcou muito: apertei a mão de centenas de portuários, jovens e velhos com mãos calejadas. Gente simples e doutores tirando fotos emocionados. Vários me olhavam agradecidos e diziam: – O Porto nunca tinha dado nada pra nós. Essa é a primeira medalha que ganhei na vida! Era de dar nós na garganta e entender a alma portuária!</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Aos 80 anos, metade dessas pessoas não mais trabalham lá. Foram aposentadas e incentivadas a irem pra casa. Não sei se os 350 que ficaram ganharão medalhas… Eu dei a minha, e essa história ninguém me rouba.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
São “tempos modernos”, como diria Charles Chaplin: eficiência, competitividade, custo baixo, blá blá blá… as pessoas e a história já não importam muito.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
O porto atual foi construído por nordestinos, operários holandeses, gregos e gente de várias partes do Brasil que pra cá vieram ao longo das décadas. Eu deixei por lá meu tijolinho.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Viva o Porto de Paranaguá e todos aqueles que um dia deixaram suores e lágrimas nas pedras pisadas do cais, como eu.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
A eles, entrego uma medalha moral, de papel escrito para colocarem nos seus corações!</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 5px; margin-top: 5px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
É a minha opinião.</div>
<div>
<br /></div>
<div class="yarpp-related" style="border: 0px; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px; margin: 1em 0px !important; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
</div>
<div class="post-footer" style="background-color: #ddeaee; border-bottom-color: rgb(238, 238, 238); border-bottom-style: solid; border-bottom-width: 1px; color: #555e66; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.6; margin: 20px -2px 0px; padding: 5px 10px;">
</div>
Daniel Lucio Oliveira de Souzahttp://www.blogger.com/profile/17459041040263419497noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7717484774104320863.post-41899053700638617772015-02-21T18:09:00.002-02:002015-02-21T23:54:34.934-02:00AMÉRICO VESPÚCIO : Do Brasil à Patagônia (Parte 1)<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">VESPÚCIO E UM BIÓGRAFO<o:p></o:p></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><br /></b></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Um dos mais interessantes biógrafos de Américo Vespúcio foi o
colombiano Germán Arciniegas (Bogotá, 06/12/1900 a 30/11/1999), com sua
fantástica obra <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Amerigo y el Nuevo Mundo</i>,
publicado em 1955 na cidade do México pela Editorial Hermes. Professor do
departamento de espanhol da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, além de
fazer parte do Seminário do Renascentismo, Arciniegas desenvolveu profunda
pesquisa sobre homem e navegador florentino <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Amerigo
Vespucci</i> diretamente nas melhores fontes: Florença, Roma além de
bibliotecas europeias e interagir e debater com estudiosos italianos.<o:p></o:p><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpoAzkqM-JKRhw6BVYR6259GA9gMUyC2F-PNgKDhk0-HQya1QYDIXOWAie_M_9Xwy7LM27Rby5Vvib5Et_nSimGA5He5EfkF96nOBQfME_aMoucPoL6tvLH5Bo-D1BzI8SiM9HeSd-56Wo/s1600/Arciniegas_foto.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpoAzkqM-JKRhw6BVYR6259GA9gMUyC2F-PNgKDhk0-HQya1QYDIXOWAie_M_9Xwy7LM27Rby5Vvib5Et_nSimGA5He5EfkF96nOBQfME_aMoucPoL6tvLH5Bo-D1BzI8SiM9HeSd-56Wo/s1600/Arciniegas_foto.jpg" height="268" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">Germán Arciniegas</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Sua obra não é conhecida no Brasil, tampouco traduzida, o que
me propus a fazer e brindar os leitores com estas peças raras da história da
América, em especial da sua costa e gente do Atlântico Sul.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Boa navegada!<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">AMÉRICO VESPÚCIO: DO
BRASIL À PATAGÔNIA – 1501 A 1502 (Parte 1)<o:p></o:p></b></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Passando pela Baía de
Paranaguá, suas praias e a assembleia de marinheiros.<o:p></o:p></i></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Descendo a costa do
Novo Mundo e sua gente<o:p></o:p></b></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Quando os leitores das Cartas de Américo se depararam com
esta passagem, ficaram mais impressionadas do que nenhuma outra. Entre 1502 e
1503 se desenhou um planisfério que permaneceu inédito até o ano de 1859,
quando o padre Kunstmann publicou um famoso atlas em que reproduziu os mapas
mais importantes feitos no século XVI em Espanha e Portugal. A alguns destes
mapas anônimos se deu o nome do padre Kunstmann para identifica-los. Kunstmann
II ao feito entre 1502 e 1503. Sem dúvida, o autor se apoiou na viagem de
Américo Vespúcio. <o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
A costa do Brasil e da Argentina estão desenhadas até mais
abaixo dos 45° Sul (Patagônia Argentina). Tão interessante como a linha da
costa são as ilustrações. Dominando o interior do Brasil, há uma cena
cuidadosamente desenhada: é um assador que um índio ajoelhado faz girar
suavemente, e na fogueira assando um cristão (como eram chamados os europeus
para diferencia-los dos nativos) desnudo que vai tostando-se entre as chamas.
Este desenho se repetirá a seguir em outros mapas.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Américo escreveu algumas considerações a antropofagia. Dizia
que nas guerras costumava-se a comercializar-se inimigos que eram prisioneiros.
Que as mulheres, depois que eram usadas por algum tempo, eram flechadas com
todos seus filhos em grandes festas em que celebravam as vitórias ocorridas.
Dizia que enfeitavam as habitações com presuntos feitos de pernas humanas
defumadas. Que os índios vencedores mantinham crianças engordando para
enriquecer suas despensas. Compadecidos, disseram comprar uns dez que “estavam
destinados ao <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sacrifício,</i> por não
dizer o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">malefício</i>.”<span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Cambria; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS 明朝"; mso-fareast-language: EN-US;"><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7717484774104320863#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title="">[1]</a></span></span><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7717484774104320863#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><!--[endif]--></a></span></span><o:p></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><br /></span></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">A gente nativa da
costa do Brasil<o:p></o:p></b></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Conta Américo, que os homens costumavam perfurarem-se os
lábios e as bochechas para colocarem pedras de alabastro verdes e brancas,
algumas largas com meio palmo e redondas como cerejas catalãs. Tinham este
costume brutal, mas reconhecia que as pessoas eram saudáveis e viviam muitos
anos. O tempo, disse, eles contavam pelas luas, colocando uma pedra para cada
lua. “Encontrei um velho que me mostrou com pedras, ter vivido 1.700 luas, que
são 132 anos. ”A relatividade destes cálculos se deve compreender pelas
condições em que Américo recolhia seus dados, e a margem que deixava, sem
ocultar, à fantasia do leitor. A vida ao ar livre quando menos, eliminava as
pestes e doenças que ele conhecera em Florença. Que diferença entre o ambiente
da natureza tropical e a vida das cidades saídas do mundo medieval! Américo
escreve de seu novo mundo: “Aqui um médico morreria de fome”.<o:p></o:p><br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiotCV5LIhW9hJXYIAPQE61KHGbeHQN6bnPQdqTDl60s1IMCrVSxKMTx7cfK5Hx7jcOWa309b8hCGi5f_dTqO3R5zx-Mecr9fmN_-JjaGi8a0ZeQCYuG9k4BiUZRkKVAKJDF9JhyphenhyphenCoBovQy/s1600/image1.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiotCV5LIhW9hJXYIAPQE61KHGbeHQN6bnPQdqTDl60s1IMCrVSxKMTx7cfK5Hx7jcOWa309b8hCGi5f_dTqO3R5zx-Mecr9fmN_-JjaGi8a0ZeQCYuG9k4BiUZRkKVAKJDF9JhyphenhyphenCoBovQy/s1600/image1.JPG" height="400" width="300" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Livro original: <i>Amerigo y el Nuevo Mundo </i>(Editorial Hermes, 1955, México).</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Mais do que ouro e
riquezas, a natureza.<o:p></o:p></b></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Brilha por sua ausência, como sempre, o relato de Américo
pela questão do ouro. Segue sendo este uma característica o distingue de
Colombo e dos demais conquistadores. Mas, além disso, agora a combina com
alguma fina observação irônica. Ele declara que o Rei (de Portugal) os enviou
para descobrir, e não para buscar proveitos imediatos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Descobrir implicava, certamente, observar as
riquezas que houvessem, mas Américo se pôs cauteloso contra os cálculos
ilusórios que pudessem leva-los a falsas especulações.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Desde logo, disse, a terra há de ter riquezas que os nativos
não se apressam em ostentar no que os europeus mais interessam. Eles apreciam
mais as plumas que o ouro e a prata, e o Rei de Portugal terá muito o que
aproveitar da nova colônia. Os homens do país costumam falar: “Contam do ouro e
de outros metais e drogas muitos milagres. Eu sou daqueles que, como Santo
Tomás, andam devagar para crer”.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
O que primeiro saltava à vista era um reino vegetal. Outros
mapas que se desenharam seguindo os relatos de Américo incluíram, além do
cristão europeu assado na fogueira, árvores e papagaios. Américo fala do
pau-brasil (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">verzino </i>em italiano)e da
canafístula. De pedras encontrou muitos cristais que não conhecia. De ervas e
especiarias, muitas também. Mas, ele declarava ignorar para que poderiam
servir.<o:p></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">O deslumbramento pelas
novas terras<o:p></o:p></b></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Não é difícil imaginar a emoção à medida que iam descobrindo
os acidentes da costa: os cabos, as baías, as bocas de rios, as ilhas. Iam com
o almanaque<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7717484774104320863#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Cambria; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS 明朝"; mso-fareast-language: EN-US;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
formando seu catálogo de surpresas. Vivian uma espécie de loteria mística: o
que nos trará amanhã São João? E Santa Lúcia? Era milagre de cada santo a
surpresa geográfica escondida em cada dobra da costa. Assim, os nomes não eram
dados pelo comandante da frota, nem eram sugeridos pelos pilotos, eles saiam do
calendário católico. <o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Em 28 de outubro de 1501 avistaram um cabo, era dia de Santo
Agostinho, e foi batizado a atual Cabo de Santo Agostinho (Pernambuco, Brasil).
Ele nos dava, a Ele lhe pertencia. Em cada nova parada, um sopro de um anúncio
cristão beijava a costa.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>No dia 16 de
outubro, dia de São Roque, Cabo de São Roque. Em 1<sup>o</sup>. de novembro,
dia de Todos os Santos, Baía de Todos os Santos. Este foi um presente do céu
para Américo, pois era filho de uma paróquia de Todos os Santos em Florença,
sua terra natal. Em 13 de dezembro, que nova maravilha! Era dia de Santa Lúcia,
e na realidade a paróquia de Florença se chamava de Santa Lúcio de Todos os
Santos. Então foi Rio Santa Lúcia. A data 6 de janeiro também era para Américo
uma data querida: a dos Santos Reis. O tema dos pintores florentinos: a cena
maravilhosamente tratada por Benozzo Gozzoli na capela do palácios dos Médici.
A data festiva caiu exatamente em uma entrada do mar: a Baía dos Reis (atual
Angra dos Reis). E assim tudo aconteceu: No dia 1<sup>o</sup>. de janeiro de 1502,
o rio de Janeiro: Rio de Janeiro. No dia 20 a ilha de São Sebastião (litoral
norte do atual estado de São Paulo, Brasil). Em 22 o estuário e abrigo de São
Vicente (ao lado da atual cidade-porto de Santos, na latitude 24° Sul).<o:p></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Um evento marcante: Em
terras de Espanha, Américo assume o comando.<o:p></o:p></b></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
No dia 15 de fevereiro de 1502 ocorreu um acontecimento
notável na expedição, e mais ainda na biografia de Américo. Já haviam
transcorridos dez meses de navegadas e andanças por água e terra e não se via o
término da viagem. Haviam descido tanto ao sulque já estavam abaixo do Trópico
de Capricórnio<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7717484774104320863#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Cambria; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS 明朝"; mso-fareast-language: EN-US;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> . Não
haviam encontrado nenhuma grande cidade, nenhuma mina. Nada das histórias do
oriente. Amarraram os barcos, se sentaram na praia e formaram uma assembleia de
tripulantes, uma plenária aberta, um conselho de descobridores peregrinos, de
companheiros. Não deliberaram como rebeldes ou amotinados. Ninguém fez cara de
soberbo. Todos sabiam que a viagem não havia sido para buscar ouro, mas sim
para achar os caminhos do Atlântico. Haviam visto o mundo que Cabral havia
deixado ainda virgem, e isso já pagava a aventura.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Américo Vespúcio não mostrava nenhum ar de desencanto. Tinha
a convicção de que esse mundo formidável, em sua simples grandeza florestal,
era a geografia que se expandia, a experiência do homem que ia ampliando-se . <o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Se falou, falaram todos. Falaram até os mais humildes
marinheiros que tivessem algo pra dizer. E se perguntaram: Seguimos?<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Surgia, além disso, uma questão imprevista. A costa se movia
em direção Oeste<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7717484774104320863#_ftn4" name="_ftnref4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Cambria; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS 明朝"; mso-fareast-language: EN-US;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>, e
as novas terras ficavam fora do da zona em que, legitimamente, poderia o Rei de
Portugal conquistar. Em maio de 1493, por causa da primeira viagem de Colombo,
os Reis Católicos obtiveram do Papa as bulas que fixavam as repartição das
ilhas ou terras firmes que se descobrissem daí em diante. O meridiano de
Alexandre VI corria a partir de cem léguas para o ocidente das ilhas dos
Açores. Deste meridiano para o oriente, seria tudo de Portugal, e para o
ocidente seria para Espanha. O Rei de Portugal Dom João II se opôs a esta linha
traçada e buscou uma partilha mais conveniente para ele, através de um acordo
direto com os monarcas espanhóis. Os Reis de Espanha aceitaram a mudança que se
concretizou no Tratado de Tordesilhas, de 1494. Por este tratado a nova linha
se deslocava 270 léguas mais para o ocidente. Assim, viria a justificar-se mais
tarde que os descobrimentos feitos na costa do Brasil se pusessem sob a
bandeira de Portugal. <o:p></o:p><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhaRgjOcFaSumEv2Rc67KxNonV1RiXz4x4Qtrkd5TSWAtrtpuiSBFG8ynLp61KlIZEkNOdBqrld_Ia6TFpPsjlvQeK0Zx6kY2Skfpki05pR11Sr0h9rOkmNx3jZcolnhBxSSV3kcNqS2uz/s1600/Meridiano+Tordesilhaz_1494_Paranagua.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhaRgjOcFaSumEv2Rc67KxNonV1RiXz4x4Qtrkd5TSWAtrtpuiSBFG8ynLp61KlIZEkNOdBqrld_Ia6TFpPsjlvQeK0Zx6kY2Skfpki05pR11Sr0h9rOkmNx3jZcolnhBxSSV3kcNqS2uz/s1600/Meridiano+Tordesilhaz_1494_Paranagua.png" height="237" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">Meridiano de Tordesilhas: de Belém à Paranaguá (linha amarela)</span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">A escala dentro da
baía de Paranaguá: uma hipótese real.<o:p></o:p></b></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Voltando a Américo Vespúcio, no mesmo ponto em que agora os
marinheiros deliberavam, a costa saía da jurisdição portuguesa e se inclinava
ao que pelo novo direito tratado, corresponderia a Castela.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Não sabemos com exatidão quem era o comandante da frota. Se
presume que era o português Gonçalo Coelho. De acordo com o Tratado de
Tordesilhas, “se os navios do dito Senhor Rei de Portugal acharem quaisquer ilhas
e terras na parte dos ditos senhores Rei e Rainha de Castela, de León e Aragón,
etc. Que tudo seja e permaneça para o ditos senhores Rei e Rainha de
Castela...”. Em outras palavras, daí em diante, e se a costa não voltava a
direcionar-se para o oriente, eles iam descobrir para Castela. O comandante
português da frota deixou o mando.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
“Feito nosso conselho – narra Américo -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>se resolveu que se seguisse aquela navegação
que me parecia bem, e foi posto a mim todo o comando da frota.”<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Pela primeira e única vez, Américo foi comandante de uma
frota. Não foi a escolha de um rei, nem ganhou o comando por um golpe ou motim.
Ele havia sugerido a rota que devia se seguida, havia acertado com suas
orientações, era o cosmógrafo, e os comuns o aclamaram.”<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Esta data de 15 de fevereiro de 1502 merece ficar no
calendários da América com a de um dia clássico. É extraordinário que, na
primeira assembleia democrática celebrada em terra firme, não houvesse ocorrido
uma luta violenta, mas sim, direcionaram os votos à favor de quem havia bebido
seu conhecimento na luz das estrelas.<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7717484774104320863#_ftn5" name="_ftnref5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Cambria; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS 明朝"; mso-fareast-language: EN-US;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
O que Américo lhes oferecia? Não lhes convidou para
perseguirem um futuro de riquezas, mas sim de uma brava aventura, e o fez
quando estavam entregues à fadiga e ao cansaço. Ficaram apaixonados por uma
expedição que se dirigia para a terras que somente podiam oferecer uma possível
passagem para o oriente. Na história de López de Gómara, se disse que “Américo
Vespúcio, florentino, foi enviado pelo Rei Manuel de Portugal às costas do cabo
de Santo Agostinho no ano de 1501 com três caravelas para buscas nestas costas,
uma passagem para as Molucas.”<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7717484774104320863#_ftn6" name="_ftnref6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Cambria; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS 明朝"; mso-fareast-language: EN-US;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
“Então, mandou que toda e gente a frota se provesse de água e
lenha para seis meses, pois esse tempo estimaram os oficiais dos navios, que
poderiam navegar nelas.” Assim se aprontaram e içaram velas a caminho das
costas argentinas.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
<o:p> (continua na próxima postagem).</o:p></div>
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<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7717484774104320863#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Cambria; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS 明朝"; mso-fareast-language: EN-US;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt;"> Gravura da primeira representação conhecida dos
costumes no Novo Mundo, gravado com legenda em alemão, cujo original está na
Biblioteca Pública de Nova Iorque, reproduzida por Steven em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">American Bibliographer, </i>pp.7,8. É uma
cena de antropofagia baseada no relto de Américo Vespúcio. <o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7717484774104320863#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Cambria; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS 明朝"; mso-fareast-language: EN-US;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<span style="font-size: 10.0pt;">Almanaque: Livreto derivado para palavra árabe <i style="mso-bidi-font-style: normal;">al-manakh</i>. Em Portugal, foi editado o
primeiro na data de 1496: <i>Almanach Perpetuum</i> de Abrão Zacuto, impresso
em Leiria. Fornecia tábuas logarítmicas e outras indicações com respeito ao
curso do sol para cada dia do ano. As informações eram para ser utilizadas em
concordância com os instrumentos astronômicos, além de que a Igreja Católica
nominava um santo para cada um dos 365 dias do ano. Era uma das referências
para batizar os acidentes geográficos.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7717484774104320863#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Cambria; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS 明朝"; mso-fareast-language: EN-US;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt;"> Trópico de Capricórnio: É a linha imaginária que divide
o globo terrestre em duas partes ao sul da Linha do Equador. Está situado na
latitude 23° 26’Sul, na altura do Rio de Janeiro. Divide o hemisfério sul em
zonas de clima<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>tropical e temperado<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7717484774104320863#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Cambria; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS 明朝"; mso-fareast-language: EN-US;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt;"> A navegada da Baía de Todos os Santos até Cabo Frio,
a bússola aponta na faixo dos 190° Sul. Até o Rio de Janeiro, vira mais para
Oeste em direção aos litorais de São Paulo e Paraná, oscila para 240° Sul,
indicando que estava ‘entrando’ para Ocidente, e que possivelmente estavam
rompendo o Meridiano de Tordesilhas, cuja linha descia de Norte para o Sul na
longitude 48° 30’ Oeste, que pelos instrumentos atuais de navegação atuais,
possível confirmar a linha entre os portos de Belém-PA e<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Paranaguá-PR.</span><span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7717484774104320863#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Cambria; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS 明朝"; mso-fareast-language: EN-US;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt;"> Na entrada da baía de Paranaguá, situa-se a Ilha das
Peças, com ancoradouro e seu rio de agua doce para aguada dos barcos e
fundeadouro natural para naus do porte da época. Além de praias, está no limiar
do que seria a linha imaginária do meridiano de Tordesilhas. A entrada da baía
é franca, tendo sua parte mais estreita (entre ilha do Mel e das Peças) quase
uma milha náutica, alinhada perfeitamente para a entrada de vento de popa
(Leste) ou de través (Nordeste), como se velejava à época. Ventos estes
predominantes na região, especialmente no mês de fevereiro (verão no hemisfério
Sul).</span><span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div id="ftn6" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7717484774104320863#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Cambria; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS 明朝"; mso-fareast-language: EN-US;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10.0pt;"> López de Gómara é o autor de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Historia General de las Indias </i>(p.211) na Biblioteca de Autores
Espanhóis. Ao citar “Molucas”, refere-se as ilhas correspondentes à província
das Molucas do Norte, na atual Indonésia. Eram chamadas "Ilhas das
Especiarias". Nos séculos XVI e XVII a região era a única fornecedora
mundial de noz-moscada e cravo-da-índia, especiarias extremamente valorizadas
nos mercados europeus, vendidas por mercadores árabes à República de Veneza a
preços exorbitantes. Sua localização era segredo bem guardado pelos<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>negociantes, pelo que nenhum europeu
conseguia deduzir a sua origem.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
</div>
Daniel Lucio Oliveira de Souzahttp://www.blogger.com/profile/17459041040263419497noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7717484774104320863.post-73958198547382608812015-02-18T18:20:00.000-02:002015-02-21T18:16:26.027-02:00BAÍA DE PARANAGUÁ: SIM, FOI AMÉRICO VESPÚCIO QUEM A DESCOBRIU.<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;">Havia uma frenética busca pelo Caminho Marítimo para as
Índias pelo Oeste. As cortes portuguesas e espanholas já haviam se convencido
que Cristóvão Colombo havia falhado: Ficou ali no Caribe desde 1492 dando
trombadas de ilha em ilha e mentia para a Coroa chamando os nativos de
‘Índios’, como referencia às terras das especiarias que buscava e era
financiado no final do século XV. O istmo da atual América Central era a
barreira natural para oeste e a tão cobiçada Índia!</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
As espionagens, contrainformação e traições eram comuns já
naquela época. Descobertas, mapas e expedições eram Segredos Reais, guardados a
sete chaves.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Os reinos em geral, eram financiados por Casas Bancárias, no
caso espanhol e português, os Florentinos e Genoveses eram muito atuantes para
armar as expedições. Afinal, tudo era por dinheiro e poder.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Uma boa descoberta e novas rotas secretas de especiarias,
resultavam em muita riqueza, por isso, os banqueiros italianos eram os mais atuantes.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Amerigo Vespucci ou no melhor português: Américo Vespúcio,
era um jovem e culto Florentino que trabalhava na casa bancaria para seu tio Lorenzo
Pierfrancesco dei Medici, em Sevilha na Espanha desde 1491.<o:p></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbOSf7SxfX_YV6uK_ThPwD0Nb8VTr0nSYVWSbsVIBbb3ZNS1Cgzfjb0BxggJxSNmSoYQMtnZbqG47ec1ciCFC6OcN2rDT1JGhdp22IwoBW6ZulXcbUadDVp-PGEVUhWZw4AKpwPL6cflp8/s1600/Ame%CC%81rico-Vespu%CC%81cio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbOSf7SxfX_YV6uK_ThPwD0Nb8VTr0nSYVWSbsVIBbb3ZNS1Cgzfjb0BxggJxSNmSoYQMtnZbqG47ec1ciCFC6OcN2rDT1JGhdp22IwoBW6ZulXcbUadDVp-PGEVUhWZw4AKpwPL6cflp8/s1600/Ame%CC%81rico-Vespu%CC%81cio.jpg" height="320" width="243" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Foi educado na capital da cultura italiana: Florença. Era
época do Renascentismo europeu, onde as artes, as ciências, a astronomia e o
comércio floresciam. Contemporâneos de Vespúcio? Michelangelo e Da Vinci. Era
uma época de explosão pela busca do desconhecido.<o:p></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
Atribui-se também à Casa Bancária dos Medici ter financiado parte das viagens de Colombo, e que para isso, em 1497 ele embarca na sua primeira viagem, como um auditor financeiro querendo ver a competência dos tomadores de seus recursos. Portanto, entre maio de 1497 e outubro de 1498, teria participado de uma expedição comandada por Vicente Pinzón e Juan de Solís para percorrer as rotas abertas nos anos anteriores.</div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
No início de 1500, já com o Tratado de Tordesilhas assinado,
os espanhóis lançaram quatro expedições um pouco mais ao sul da rota de
Colombo, que tocariam a costa do Brasil.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Para entender melhor como funcionavam as expedições daqueles
rudes capitães de naus, resolveu embarcar na expedição de Alonso Hojeda, seguindo
a rota de Vicente Pinzón e de seu irmão Francisco, que em 26 de janeiro de 1500
são os primeiro europeus a desembarcar em terras do atual território do Brasil.<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7717484774104320863#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Cambria; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS 明朝"; mso-fareast-language: EN-US;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
O local é disputado até hoje, onde seria a espanhola <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Santa María de La Consolación </i>assim
batizada pelos Pinzón. Mas é a cidade de Cabo Agostinho, atual Pernambuco que
se orgulha desse feito.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Pouca gente sabe, mas foram os irmãos Vicente, Francisco e
Martín Pinzón que comandaram as três naus da expedição de Colombo. Sem os três,
Cristóvão Colombo não teriam entrada pra história.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Depois vieram em poucos dias as naus de Diego de Lepe, primo
dos irmãos Pinzón e Hojeda com seu ilustre tripulante e então banqueiro Américo
Vespúcio, que a bordo, praticava seus conhecimentos de matemática e astronomia
aprendidas nos altos estudos escolares em Florença.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Foi nesta viagem que Vespúcio, a bordo da nau de Alonso de
Hojeda, batiza uma baía na costa norte da atual América do Sul de “Venezuela”,
ou seja, uma pequena “Veneza”, pois o povo nativo do lago Maracaibo habitavam
casas sobre palafitas sobre as águas, lembrando a cidade sobre águas de sua
Itália.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
A paixão pela navegação se deu nestes anos. Vespúcio ao retornar pra
Espanha deixa de ser um banqueiro para se tornar um homem do mar.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
O serviço de espionagem Lusitano leva ao Rei Dom Manuel a
notícia das navegações e novas descobertas Castelhanas. Então o que fez o rei
português? Contratou o florentino Américo Vespúcio para tripular e cartografar
as suas terras ao sul das descobertas espanholas, além de procurar o caminho
oeste para as Índias e até mesmo de servir de base para a navegação às
especiarias pela rota leste, como Pedro Álvares (depois Cabral) havia feito
quando tocou aa novas terras do Brasil em abril de 1500.<o:p></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3HIiyOWIYKMZEOvYc-tn7Y6CmqZ7GZjqdg0f5aEGbm3GbMr9SvyJMAhC1f1Z5_lt_DIdbhgvZUi-Sqt6F-RF6kCPzexudMyatM7hPjOdCg0MQc5OrwYDRTk-QOI_9tMh7dMKhMegjMuBY/s1600/Americo+Vespucio_viagens.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3HIiyOWIYKMZEOvYc-tn7Y6CmqZ7GZjqdg0f5aEGbm3GbMr9SvyJMAhC1f1Z5_lt_DIdbhgvZUi-Sqt6F-RF6kCPzexudMyatM7hPjOdCg0MQc5OrwYDRTk-QOI_9tMh7dMKhMegjMuBY/s1600/Americo+Vespucio_viagens.jpg" height="263" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">Viagens atribuidas a Vespúcio</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Em 28 de Agosto de 1501, a expedição portuguesa comandada por
Gaspar de Lemos tinha a bordo um ilustre observador, o florentino Américo
Vespúcio. Nesta data tocam o solo brasileiro no atual Cabo de Santo Agostinho,
tal como os irmãos Pinzón havia feito há mais de um ano e meio antes. Coincidência
ou não Vespúcio estar nesta viagem?<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
A partir daí os portugueses enfim percebem que o Brasil não
era a “Ilha de Vera Cruz”, e começam a chama-lo de “Terra de Santa Cruz” pois a
expedição foi nominando vários acidentes geográficos mais ao sul: Cabo de São
Roque, Cabo de Santo Agostinho, Baía de Todos os Santos.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Continua rumo ao sul e vai nominando os acidentes
geográficos: Cabo Frio, Rio de Janeiro a São Vicente. O dia do santo Católico
segundo o calendário, era escolhido para nomear o acidente geográfico
referenciado nos mapas e diários de bordo.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Esta viagem nos anos 1501 a 1502 é a mais precisa e detalhada
de Vespúcio, que teria navegado até a latitude 50° Sul, ou seja, teria chegado
ao extremo sul da atual Argentina.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Por que razão as navegações sob bandeira portuguesa ficam
praticamente ocultas nessa época quando o astrolábio mostrava a latitude 25°30’
Sul? A resposta é: Terras Castelhanas. Mapas espanhóis antigo denominava nesta
latitude uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Bahía de la Reyna de
Castilla. </i><o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
A viagem, os cálculos e a agulha da bússola apontavam que a
costa ia “entrando pra oeste”, possivelmente estaria fora da jurisdição
portuguesa pelo Tratado de Tordesilhas, a expedição se divide e pela primeira
vez, Vespúcio assume o comando de uma flotilha em assembleia de tripulantes em
alguma praia possivelmente dentro da baía de Paranaguá na enseada das Conchas
na atual Ilha do Mel.<o:p></o:p><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixFosUmyOtACKA6WZ7CdsHjXpW7q3NMLh67Qohm6a1KdTAjcqJ91KRHVsTPgxZ7o1uySMcGw07Y9YWHgay4JOM4i90uBQt_pF_RxCvSJV_dQv9J5-IEq-ncqOo_1wxTMum-w0UyLNbuxvO/s1600/baia+de+paranagua_satelite.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixFosUmyOtACKA6WZ7CdsHjXpW7q3NMLh67Qohm6a1KdTAjcqJ91KRHVsTPgxZ7o1uySMcGw07Y9YWHgay4JOM4i90uBQt_pF_RxCvSJV_dQv9J5-IEq-ncqOo_1wxTMum-w0UyLNbuxvO/s1600/baia+de+paranagua_satelite.jpg" height="271" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">Baía de Paranaguá -vista satélite</span></div>
<br />
Portanto, a entrada da Baía de Paranaguá nesta coordenada de
latitude, estava numa ‘zona cinzenta’, e pelas dúvidas, evitava-se que Dom
Manuel tivesse conflitos com seus sogros, os Reis de Espanha.</div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Para um velejador que percorre a costa brasileira buscando
uma ‘passagem’ à oeste, é quase obrigatório entrar nas três grandes baías da
costas do Brasil: Todos os Santos, Bahia; Guanabara, Rio de Janeiro e
Paranaguá.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Retornando a Portugal, o rei ordena uma outra expedição com
objetivo de seguir o mapeamento da costa e procurar a tão esperada passagem
para oeste.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Novamente, Américo Vespúcio embarca. Agora na expedição de Gonçalo
Coelho, que parte do Rio Tejo em meados de 1503 e retornando em julho de 1504.
Foi essa expedição que, acidentalmente descobre a atual ilha Fernando de
Noronha. Esta viagem alguns autores como seu biógrafo Alberto Magnaghi não a
reconhecem como verdadeira, apesar de constar na famosa ‘Carta a Soderini’,
texto impresso em Florença em 1505 que narra as aventuras de Vespúcio pelos
mares que futuramente atribuíram seu nome: Américas.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Depois disso, só mais ao sul: Estuário do Rio da Prata, Bahía
Blanca e Finalmente na Terra do Fogo, onde depois foi descoberto o Estreito de
Magalhães, já tendo Américo Vespúcio sido nomeado em 1508 para o cargo supremo
de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Piloto Mayor de la Casa de
Contratación de las Índias</i>, responsável pelo tráfego marítimo do além-mar
espanhol, capacitação dos capitães e pilotos.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Teria então sido o Almirante Américo Vespúcio que orientou e
passou a rota e o mapa da entrada do tão procurado estreito (de Magalhães) para
o lusitano Fernão de Magalhães a serviço da Coroa Espanhola em 1519, quando
iniciou sua viagem de circum-navegação?<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Portanto, não temos dúvidas: Foi Américo Vespúcio e seus
marinheiros lusitanos, os primeiros europeus a adentrarem no Grande Mar
Redondo: Paranaguá.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Esta baía por situar-se na latitude 25° 30 Sul, que era o
limiar das terras de dois reinos poderosos em sua época, fica à mercê do
descaso e esquecimento, pois os segredos da época praticamente lhe apagavam do
mapa por razões estratégicas para portugueses e espanhóis.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Hoje com aparelhos modernos, já se sabe que a linha do
meridiano de Tordesilhas passa exatamente sobre o porto e a cidade Paranaguá: é
o meridiano da cidade de Belém do Pará: 48°30’ Oeste.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Assim, se cruzarmos as duas coordenadas de latitude e
longitude, estaremos exatamente dentro da ‘Baía Esquecida’.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Estes são trechos do meu futuro livro: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Baía Esquecida</i></b> que aos
poucos vou montando por este blog.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: justify;">
Até a próxima!<o:p></o:p></div>
</div>
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<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
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<div style="text-align: justify;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7717484774104320863#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Cambria; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS 明朝"; mso-fareast-language: EN-US;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">Da obra ‘Vicente Pinzón e a
descoberta do Brasil’, de Rodolfo Espíndola (p.37).<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
</div>
Daniel Lucio Oliveira de Souzahttp://www.blogger.com/profile/17459041040263419497noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7717484774104320863.post-56662878087827504712009-03-22T23:13:00.006-03:002014-08-17T19:06:44.523-03:00A ILHA COTINGA E A VILA DE PARANAGUÁ<div align="center">
<br /></div>
<div align="center">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvmuL7A8Mv1Hen7CqNUYShJu5TDom5RdmJOPiBb2GdTUSBh29TQVsdqS93ChyphenhyphenvTQ0y-PI8cY6vtvb6vLzutpejf1ERt_DRWLfbh4r0nDFa39K3Aom1RtY_Hrr4cusM9XtDrFadcFUwsztu/s1600-h/Mapa+Brasil_1519.jpg"><img alt="" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvmuL7A8Mv1Hen7CqNUYShJu5TDom5RdmJOPiBb2GdTUSBh29TQVsdqS93ChyphenhyphenvTQ0y-PI8cY6vtvb6vLzutpejf1ERt_DRWLfbh4r0nDFa39K3Aom1RtY_Hrr4cusM9XtDrFadcFUwsztu/s400/Mapa+Brasil_1519.jpg" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5292471876115076994" style="cursor: hand; display: block; height: 361px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /></a><span style="font-size: 78%;">Terra Brasilis: Atlas Miller (1519?) A primeira referência pública da cartografia brasileira.</span></div>
<div align="justify">
<br />
O MITO DE CANANÉIA E ERROS HISTÓRICOS<br />
Da mesma forma que a história é escrita pelos vencedores, erros de pesquisas históricas induzem os pesquisadores subseqüentes a manter erros mantidos por séculos como verdade, pelo fato de não serem questionados pela academia, o desinteresse dos formuladores e pesquisadores das navegações na Era dos Descobrimentos em aprofundar-se na discussão pontual da baía de Paranaguá, detalhes documentais e geográficos foram relegados ao esquecimento, inclusive por escritores com obras publicadas no início do século 21. </div>
<div align="justify">
<br /></div>
<div align="justify">
<span style="font-size: 78%;"></span></div>
<div align="justify">
Como o mito de Cananéia, ocorreram sucessões de erros de citações históricas que passaram a ser utilizados por pesquisadores internacionais que potencializaram os equívocos. A atual ilha e cidade de Cananéia, demonstram que algum equívoco inicial nas primeiras navegações por estas águas do Atlântico Sul, batizou o local um outro local com este nome, mas não a Cananéia contemporânea. O primeiro argumento é simples, a sua topografia. Por ser ilha interior à porção continental, ao nível do mar e ser impossível sua visualização oceânica, não poderia à época ser considerada um acidente geográfico perceptível aos timoneiros e capitães em suas velejadas. Apenas uma visualização aérea, por meio de uma montanha, poderia identifica-la como "ilha", ao contrário das amplas barras e baías que formam o complexo estuarino de Paranaguá.O próprio pesquisador Antonio Paulino de Almeida, descreve a topografia de sua terra natal: "Tanto a ilha de Cananéia com a ilha comprida, todo o terreno é extremamente plano, existindo apenas em cada uma delas um pequeno morro defronte ao outro...", e quanto as aguadas para refresco das embarcações, sua dificuldade é justificada pelas considerações do mesmo autor ao comentar que "apenas o morro de São João, na ilha de Cananéia possui alguns pequenos veios de água potável, servindo-se a população rural de água geralmente salobras."</div>
<div align="justify">
Quanto a ilha do Cardoso, que possui picos de até 890 metros de altura, e faz barra da baía de Cananéia pela sua extremidade nordeste chamada ponta do Itacurussá, o autor afirma que é "ao contrário, é excessivamente montanhosa e dotada de numerosas cachoeiras."[1]</div>
<div align="justify">
<br /></div>
<div align="justify">
Foi nesta ilha que foram encontrados os marco de posse e tenentes com a Cruz da Ordem de Cristo, que o próprio Almeida admite ter sido a expedição de Martim Afonso de Sousa tê-los chantado na entrada da barra em 1531. Atualmente no local acha-se a réplica do monumento, sendo que o original encontra-se no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Percebe-se na escultura uma nova forma da insígnia lusitana, onde a Cruz da Ordem de Cristo passa a ter influência da Cruz de Malta, ao contrário das de décadas anteriores. </div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
</div>
<div align="center">
<br /></div>
<div align="justify">
O meridiano de Tordesilhas ainda era locado com precária precisão pela falta do domínio pleno do cálculo da longitude, e por esta razão contestada por ambas coroas signatárias do tratado: Portugal e Espanha. Para complicar a disputa pelas novas terras, havia a cobiça tanto de franceses como de holandeses. Cananéia e Laguna acreditavam os lusos, seriam portanto limite de possessão portuguesa, ao contrário, "eram terras castelhanas", diziam os espanhóis de Castela.</div>
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Mesmo em pleno século 21, com aferições geodésicas que nos permitem precisar que a atual cidade de Cananéia era território português, e portanto, não poder-se-ia conservar erros históricos como o fez o historiador Eduardo Bueno no decorrer de toda sua coleção Terra Brasilis (três volumes). Ao afirmar reiteradamente citações como: No volume II - Náufragos, Traficantes e Degredados, ao comentar a expedição lusa chefiada por Gonçalo Coelho, tendo como cosmógrafo Américo Vespúcio, e reconhecendo que estes perceberam estarem em terras espanholas, conforme prescrevia o tratado de Tordesilhas, Bueno cita que "ao zarpar de Cananéia , em 15 de Fevereiro de 1502, com água, mantimentos e lenha [...] a frota foi se afastando do litoral, guinando para leste - em direção à África."[2] , o que incorreto por duas razões: a primeira é que é incontestável na atual historiografia o alcance da frota, já então sob comando de Vespúcio, que esta chegara à latitude 53° sul costeando o continente, quase descobrindo o estreito que o luso Fernando de Magalhães e amigo de Vespúcio o faria em 1519 sob bandeira castelhana. </div>
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O segundo equívoco nesta citação, é de afirmar a saída da frota da atual Cananéia, inclusive com indicação em mapa desenhado pelo autor (p. 51). O mesmo Bueno repetiria no volume III - Capitães do Brasil, ao reiterar a posição errônea do meridiano, ao dizer "...já que a linha de Tordesilhas passava em Cananéia"[3] ou, "Além de Cananéia ficar dentro da zona espanhola da demarcação de Tordesilhas, ali os castelhanos poderiam contar com o apoio do Bacharel..."[4].</div>
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Mas afinal, o que teria levado tantas confusões e referenciais históricos até então mantidos?</div>
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O equívoco teria sido "oficializado" por Aires de Casal em 1817, ao afirmar que marcos de posse ali encontrados fossem obra da expedição lusa de Gonçalo Coelho e Vespúcio, se multiplicou e manteve-se até o início do século 21.Ao ser citada originalmente pelo frei Aires de Casal na sua obra Corografia Brasílica, de 1817, a ilha paulista passou daquele momento em diante a ser considerada como o local em que a expedição lusitana de Américo Vespúcio e Gonçalo Coelho na latitude 25° do litoral sul de São Paulo e do Paraná. </div>
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O objeto que Ayres de Casal usou para montar sua tese ao descrever em seu livro de geografia brasileira, foi o marco-de-posse , com as armas da Coroa de Portugal, lá encontrado, sendo à época atribuído à expedição que partiu com três caravelas em 1501 para reconhecimento da costa brasileira, e aportou nas águas do estuário da baía de Paranaguá em Fevereiro de 1502. </div>
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Cananéia teria, ao longo dos séculos, influência decisiva na chegada dos primeiros homens brancos a fixarem-se no interior da baía de Paranaguá, além de ser um gargalo histórico na história das navegações do Atlântico Sul.</div>
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O Historiador e pesquisador Antonio Paulino de Almeida, escritor de uma das mais importantes obras relativas à história do local, desvenda uma sucessão de equívocos e citações que se multiplicaram por anos. Paulino era nascido na atual cidade de Cananéia, tendo ocupado o cargo de chefe da seção histórica do Departamento do Arquivo do Estado de São Paulo, e membro da Sociedade de Estudos Históricos de São Paulo.</div>
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Em 1963 publicou os dois volumes de sua Memória Histórica Sobre Cananéia, base para os estudos sobre a região que impactaria sobremaneira a formação antropológica Parnanguara.Nos primeiros anos do século 16, a Ilha Cananéia era assim denominada pelos navegantes por razões ainda confusas, pois sua primeira citação consta no diário de bordo da expedição do navegador português Martim Afonso de Souza, em 1531, quando foi então nomeado pelo Rei de Portugal como donatário das principais terras da nova Terra de Vera Cruz, popularmente conhecida na Europa como Terra do Brasil.Assim, a Ilha do Bom Abrigo, que supostamente a expedição de Vespúcio (1502) teria batizado como Ilha da Cananea, com o passar dos anos cedeu seu nome às povoações e abrigos no continente.</div>
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Tanto que quase 30 anos depois, Pero Lopes de Souza repete em seu diário o achamento da mesma ilha oceânica (diário de viagem de 1532). Por décadas algumas confusões geográficas se mantiveram. A própria ilha de São Francisco do Sul chegou a ser chamada de "Rio de São Francisco do Sul da Cananéa". A diferença de um grau na latitude nas cartas de marear, era aceitável para a época, com descrições de topografias similares, eram por si só grande indutores a erros de navegação e de interpretação histórica.Até nos dias atuais do século 21, é comum que historiadores mantenham em suas referências bibliográficas e citações textuais equivocadas pela repetição de equívocos. Vespúcio, ao batizar o "Rio de Cananor", no extremo sul do continente, na atual Argentina, também foi motivo de confusões geográficas, como se fosse uma citação à "Cananéia".</div>
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Ora, foi a ilha do Bom Abrigo, que ao ser citada como "Cananea" no diário de Pero Lopes de Sousa, irmão e companheiro de viagem de Martim Afonso ao Rio da Prata, fez com que esta denominação migrasse à região continental frontal à ilha, e não o contrário. Até por impossibilidade visual do homem do mar avistar a atual ilha interior onde se estabeleceu a Cananéia moderna.</div>
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A própria etimologia do nome é por si só outro ponto de divergência de autores e pesquisadores. Uma corrente defende a origem tupi-guarani, sendo uma derivação das palavras caniné ou canindé , uma certa espécie de arara. Ocorre que na ilha nunca existiram este tipo de ave, e tão somente periquitos. As toponímicas indígenas a procura do significado desta são variadas. Some-se o fato de que ao chegar na Ilha do Bom Abrigo, o diário de bordo da frota de Martim Afonso confirmava ser esta a "ilha da Cananéa", deixando a forte impressão que sua localização estava prevista na carta.</div>
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Isto antes sequer de ir a terra contatar índios e degredados, numa velejada que teve início no Rio de Janeiro.O termo cananéia (grafia atual ) ou cananea (grafia antiga) é anterior ao próprio descobrimento do Brasil.</div>
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É milenar e bíblico.Talvez a mais convincente das explicações seja dada por Antonio Paulino de Almeida, que após citar passagens bíblicas onde o termo aparece no Livro de Mateus " a mulher cananéia, cuja filha Ele sarou."</div>
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O MARCO DE CANANÉIA - UMA TEORIA EQUIVOCADA</div>
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A atual cidade de Cananéia tem sido por 200 anos considerada como a baía na qual a frota de Vespúcio em Fevereiro de 1502 teria aportado e ali ficado por cerca de 15 dias.Tal teoria foi apresentada pelo padre Manuel Aires de Casal (ou Ayres de Cazal, como na grafia da época), em seu livro "Corografia Brasílica", publicada em 1817 e até o presente incontestada por diversos historiadores brasileiros, e citado como referência por diversos escritores estrangeiros.</div>
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<img alt="" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjE3_P7BuAR2IHlHCJHdB8q4wJxQP6zWIIEbqfQZ_HqyTHQhH6sxSql0phOVr21P0jtPLKECDSxsflFfUN6LbBCIAfrt1H8Eg-ULKr9r24HJLzU4OXdZkdAPS3u-KJTyBetkddC3akAWilx/s400/Marco_ilha+do+Cardoso.jpg" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5292471700938846466" style="cursor: hand; display: block; height: 279px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 217px;" /><span style="font-size: 78%;">Réplica do marco-padrão português: Expedição 1502 de Amérco Vespucio no Atlântico Sul, incluindo-se a baía de Paranaguá.</span></div>
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Esta tese tomou com fundamento o padrão de mármore com as armas do Rei de Portugal encontrado na barra de Cananéia, que hoje encontra-se no Instituto Históricos e Geográfico Brasileiro, no Rio de Janeiro, que teria sido lá fixado pela expedição de 1501 na qual se encontrava Américo Vespúcio.Aires de Casal em sua obra, assume posição avessa a Vespúcio, comungando de uma escola que rotula o navegador florentino de forma negativa, e que formou opinião estereotipada e equivocada por diversas razões, reforçadas pela documentação incompleta das cartas e documentos relativos a ele, que mesmo no século XX continuaram a descobrir-se documentos inéditos que possibilitou aos estudiosos do homem que descortinou à Europa um "mundus novus" , e que só após 450 anos de pesquisas sua imagem foi por fim valorizada e confirmados seus feitos.</div>
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O historiador brasileiro Caio Prado Júnior, faz uma sincera introdução de "Corografia Brasílica" , na reedição da obra em 1945: " Do padre Manuel Aires de Casal... pouco se sabe. Quase tudo a respeito de sua vida são conjecturas e fatos duvidosos. Segundo Rodolfo Garcia, ele é natural de Pedrogan, Portugal, e já se achava no Brasil em 1796, servindo ao capelão da Misericórdia do Rio de Janeiro. Dava-se a trabalhos literários, pois encontramo-lo naquele mesmo ano copiando o manuscrito da Conquista Espiritual do padre Antonio Ruis Montoya.</div>
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Permanece no Brasil até 1821, quando se retira com o Rei para a Europa, onde falece pouco depois sem ter deixado a segunda edição.. que estava nos seus planos. Caio Prado resume: "Esta, que é a sua grande e na verdade única obra, saiu à luz na Impressão Régia, sob auspícios oficiais, em 1817.</div>
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"Para entender-se o ânimo e o perfil do homem que montou a teoria do padrão de Cananéia como obra da expedição lusa de 1501 na qual Vespúcio se integrara e passaria a comandar dali em diante, é necessário entendermos seu estilo de pesquisa que culminou na Corografia, que nas décadas seguintes passou a ser o manual para os estudiosos da geografia brasileira, ainda mais sob o patrocínio da Coroa Portuguesa. </div>
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Enquanto naturalistas e geógrafos europeus como Saint-Hilaire, Spix, Martius e outros, embrenhavam-se pelos sertões brasileiros coletando fatos, objetos, observando as populações regionais em todos os cantos do país e inferindo conclusões, Aires de Casal revolvia os volumes da Biblioteca Real no Rio de Janeiro e dos seus arquivos, à cata de informações.</div>
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Esta foi sua fonte de pesquisa.Como observou Prado Júnior: "Na parte geográfica é muito parco em notícias bibliográficas, quase não cita suas fontes, e é difícil reconstituí-las."</div>
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A referência que Aires de Casal faz ao marco de Cananéia, que passou a ser considerada até o presente como verdade inconteste, foi em razão da nota de n.º 42 da sua Corografia", quando escreveu: " Na entrada da barra de Cananéia, da banda do continente, sobre umas pedras, está um padrão de mármore europeu, com quatro palmos de comprimento, um de grossura, e as Armas Reais de Portugal sem castelos, posto que mais deteriorado do que muitos o pensaria, bem que se conhece que foi colocado em 1503. Continua Casal: "Este monumento prova com toda a evidencia que a armada que neste ano saiu do Tejo para examinar a Terra de Vera Cruz não retrocedeu do paralelo 18o latitude austral, como pretende o fabuloso Américo Vespúcio; e mostra também não ter sido colocado em 1531 como quer o <strong>moderníssimo</strong> <em>[sem negrito no original]</em>, nosso beneditino Frei Gaspar, que não duvidou asseverar por conjectura que fora posto por Martim Afonso, depondo finalmente a nosso favor e contra Américo Vespúcio, que a armada de 1501 não tomou a costa oriental, ou não chegou a estas paragens, porque ela devia levar padrões para autenticar a posse que da terra se tomava."[5]</div>
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Ao pretender desqualificar a opinião contrária do pesquisador seu concorrente Frei Gaspar, chama-o de "moderníssimo" em plena corte portuguesa refugiada no Brasil, altamente conservadora e patrocinadora oficial sua obra. </div>
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Mas, passados mais de 180 anos da publicação da Corografia de Aires de Casal, pode-se agora afirmar que Frei Gaspar que tinha razão com relação ao marco-padrão encontrado na ponta do Itacurussá, na ilha do Cardoso, parte sul da barra de Cananéia: não fora expedição de Vespúcio que chantara [termo utilizado pelos navegantes para o ato de cravar e fixar ] o padrão ali encontrado.Na época em que pesquisou Casal (1800?-1817), com relação ainda aos marcos (padrões) documentados e registrados, dá como conhecidos na costa da América do Sul no sentido nordeste ao sul, cinco padrões: 1) Na Praia dos Marcos, entre a baía Formosa e a da Traição; 2) Na baía de Todos os Santos; 3) Na barra de Cananéia; 4) Na ilha de Maldonado e 5) Entre a ponta sul da baía de São Mathias e a Ponta do Padrão (Argentina). Fica a pergunta: Qual ou quais expedições os fixaram nestes pontos?</div>
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O ENIGMÁTICO BACHAREL DE CANANÉIA</div>
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Para um castelhano da época um bachiller significava um "tagarela", um hábil falastrão, ou seja , alguém com o dom da oratória. No português da época , bacharel também tinha esta conceituação, somente na atualidade é que o termo tem uma aplicação mais nobre: alguém graduado em uma faculdade, embora os dicionários ainda preservem o conceito arcaico de tagarela.</div>
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<img alt="" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh86OzpDH6oa-8fQ-k-GdDXspc98yjwPFCONtQ8EHmEfV2oAKTAG7mRZ05OrcN3elPlsoaQvPDOGuEIYbbH01wZ8e6ENrshA3szkZVTURYQdwnnZmbUYq2zsbtakEzQ023Qg2zp6QyUxsXq/s400/pousada++no+porto+do+bacharel+1940.jpg" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5292472019911074946" style="cursor: hand; display: block; height: 268px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /></div>
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<span style="font-size: 78%;">Casario antigo (hoje pousada) na localidade Porto do Bacharel, referência ao famoso personagem europeu habitante do Brasil (foto 1940)</span></div>
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Figura das mais controvertidas da história das navegações pelo Atlântico Sul, o Bacharel de Cananéia chegou a ser cortejado pela coroa castelhana para que empunhasse a bandeira daquele reino espanhol e com isto aquelas terras e mares teriam reconhecimento de posse como se espanhola fosse.O transito de expedições aportando na Ilha do Bom Abrigo, faziam com que o esperto Bacharel pendulasse suas preferências, ora por Portugal ora por Espanha. Em 21 de agosto de 1536 a rainha de Castela cria uma gobernación na costa do Brasil, para fazer frente a ousadia lusa de penetrar no continente além do meridiano de Tordesilhas, e a concede a Gregório de Pesquera Rosa, uma região costeira que iniciava-me na Ilha Cananéia (atual Bom Abrigo) e avançava para "rio de Santa Catarina", como cem léguas de este a oeste.</div>
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Desse modo, o atual Sul do Estado de São Paulo, todo o Paraná e Santa Catarina seriam uma província espanhola.Ocorre que o Rei de Espanha, sabendo que a decisão de sua Rainha confrontava com que ele havia doado por decreto a Dom Pedro de Mendoza, que partira de Espanha em Setembro de 1534 para colonizar o Rio da Prata, rasgou os documentos assinados por sua esposa. E assim retardou ou reclames castelhanos à estas terras por décadas futuras.Neste clima é que os degredados atuavam, fornecendo suprimentos às frotas por ali passageiras e auferindo vantagens materiais e políticas nesta "terra de ninguém".</div>
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Ao dizer que o Bacharel estaria há "trinta anos" naquelas terras, o diário de Pero Lopes de Souza (1531) remete-nos ao anos 1501, quando então teria sido levado à praia por algum batel ou bergantim lançado de alguma frota ancorada na Ilha do Bom Abrigo. Seria impossível supor que naus ou caravelas se atrevessem a entrar na estreita barra da atual Cananéia, com uma profundidade baixa "três braças na preamar" , velejando de empopada com vento leste, arriscando caríssimas embarcações apenas para desfazer-se de um criminoso a cumprir seu desterro, ou seria abandonado à própria sorte na própria Ilha do Bom Abrigo e posteriormente levado á terra por índios Carijó que ali acorriam ou levado à praia por embarcações menores por misericórdia do capitão, o que é mais provável.Mas que expedição teria para lá levado tão sinistra figura? chegam a afirmar que teria sido a de Américo Vespúcio e Gonçalo Coelho. É possível. </div>
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O calendário florentino tinha um anos a menos do que o calendário ibérico, ou seja, as cartas de Américo Vespúcio a seus amigos de Florença, eram datadas pelo calendário praticado por seus patrícios e destinatários das boas novas do Novo Mundo. </div>
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Assim, ao datar 1501, Vespúcio estava na verdade em 1502 pelo estilo português e espanhol, daí a confusão que muitos historiadores cometeram ao datar suas viagens.É possível que ao zarparem da Ilha do Bom Abrigo em Fevereiro de 1502, a expedição comandada por Gonçalo Coelho, com Vespúcio a bordo, tenham lá deixado ou desembarcado nas praias da Ilha Comprida, o degredado Cosme Fernandes, que viria a ser chamado de Mestre Cosme e por fim Bacharel, por suas habilidades intelectuais.Este homem serviria para referenciar-se o primeiro homem branco europeu no estuário Cananéia-Iguape-Paranaguá, bem como fundamentar as teorias da ancoragem da flotilha de Vespúcio na atual "Cananéia". </div>
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Ora, se fosse possível provar que o tal Bacharel foi deixado em terra pela expedição de 1502 (1501 pelo calendário florentino), conectando-se com o encontro da frota de Martim Afonso com os portugueses e castelhanos no mesmo local em 1531, além de atribuir-se a expedição de Vespúcio a colocação do marco-de-posse luso encontrado na ponta de Itacurussá (na Ilha do Cardoso), estaria assim provado que fora lá que a expedição esteve por quase duas semanas no verão de 1502.Foi o pesquisador Ernesto Guilherme Young, nascido em Iguape, Estado de São Paulo, ao dedicar anos de pesquisa sobre a figura polêmica do Bacharel, foi quem, por fim , publicou trabalho no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, onde enfim desvenda tão misterioso personagem, através de profundo trabalho amparado por documentação e aval daquela instituição. </div>
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O misterioso bacharel, enfim, era o português Cosme Fernandes, sogro de Francisco de Chaves, que desaparecera na expedição de Pero Lobo em 1531, cuja eloqüência e esperteza seguramente lhe conferiram este apelido. Em documentos datados de 1542 da Capitania de São Vicente, então sob jurisdição de Martim Afonso, seu capitão e ouvidor Antonio de Oliveira transcreve uma Carta de Confirmação, na qual aos oficializar a posse de terras, cita com clareza o nome de Cosme Fernandes, o "bacharel", já então dono de terras no Porto das Naus, em São Vicente.</div>
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Também em Iguape, surge documento no qual ele manifestava seu arrependimento e temos por sua alma pelos cometidos, e preparava seu testamento no Livro do Tombo da vila ao deixar que o notário registrasse:"Cosme Fernandes, pessoa de <strong>grande merecimento</strong> <em>[nosso grifo],</em> deixou em seu testamento declaração de que suas terras ficam oneradas com a pensão anual de uma missa para todo o sempre, pelo descanso de sua alma, sendo como é <strong>um grande criminoso</strong> [não destacado no original], ficando o pároco encarregado de arrecadar esta dita pensão dos seus herdeiros." </div>
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Na mesma região à beira mar, foram localizados nos séculos seguintes herdeiros de terras com o sobrenome "Fernandes" , com observações de que eram devidas as pensões para custear as missas pelas "almas do purgatório", do famoso "mestre Cosme", como apareceu em muitas outras referências de navegantes portugueses e espanhóis em sua Relações [relatórios de viagens].Mesmo pesquisadores contemporâneos , além de confundirem-se com esta figura até então enigmática, equivocaram-se até com a transcrição do seu nome de forma correta. Um exemplo é o historiador Eduardo Bueno, quando no se livro Náufragos, Traficantes e Degredados afirma tratar-se de "Cosme Fernandes Pessoa"[6] [<em>meu grifo</em>], quando na verdade o sobrenome "Pessoa" foi acrescentado de forma errônea, pela leitura do pesquisador no documento original chamaram-no de "pessoa de grande merecimento".Sua importância naqueles tempos para os que lançavam-se às estes mares e terras, chegou a impressionar a corte espanhola, a ponto de ser citado em ofício da Rainha de Castela em 9 de Setembro de 1536, no ato de nomeação de Gregório de Pesquera como gobernador destas terras. </div>
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A rainha pede ao bachiller apoio à missão de sue enviado, e em troca lhe promete que "....por certo mandarei ter em memória de vosso serviços para os fazer à vós e à vossos filhos o merecimento que tenha lugar..." [7]Este homem, conhecedor da região, bem relacionados com os Carijó, com cujas mulheres fora casado e teve filhos com elas , prestou serviços a muitos navegantes e timoneiros que dirigiam-se aos mares do sul. </div>
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O domínio da língua tupi e guarani, o conhecimento de trilhas e águas que adentravam ao continente, foi provavelmente um dos primeiros europeus a adentrar com barcos à vela e canoas nas águas da baía de Paranaguá , por ser integrante da frota de Vespúcio, corroborado por diversos pesquisadores, como E. Bueno ao citar Francisco de Varnhagen, "o bacharel fora deixado pela expedição de Gonçalo Coelho e Américo Vespúcio em 1502 (o que corresponderia aos aproximados 30 anos aos quais se referiu Diego Garcia)."[8]</div>
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Esta observação também constou nas anotações de Pero Lopes de Sousa ao chegar na ilha do Bom Abrigo em 1531.Mas teria Cosme Fernandes, o bacharel, ficado imobilizado e confinando em uma pequena ilha interior por 30 anos após ter sido aceito pelos Carijó e constituído vasta prole assumindo seu papel na comunidade indígena? Certamente que não. A mobilidade e a citação desta figura tão conhecida e ativa na região, por si permite ao pesquisador inferir que ao ser degredado pela justiça portuguesa e cumprido pela frota de Vespúcio na expedição de 1502, pode ser dado tanto no interior da baía de Paranaguá, junto aos índios Carijó, como em São Vicente, junto aos Tupininquim.</div>
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A história confusa e contraditória de Cosme Fernandes, tem ligação direta com a correta locação do nome geográfico cananéia, pois onde foi desterrado, reencontrado e depois se relacionando com lusos e castelhanos, foram construindo referências históricas que o tempo encarregou-se de não questionar e transformaram-se em "verdades".</div>
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Assim, o "Bacharel" nômade, mercenário e aventureiro, transformou-se em referência para sítios geográficos fixos de forma equivocada.</div>
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A GUERRA DE IGUAPE</div>
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A insistência histórica em torno do termo "cananéia", era alimentada pela vinculação entre um sítio geográfico e um personagem. Em especial, ao homem que navegava e se fixava ora numa região ora em outra, com suas mulheres e amigos índios. Este homem era Cosme "Bacharel" Fernandes. Enquanto a frota de Martim Afonso de Sousa deixava a ilha do Bom Abrigo [então erroneamente chamada de Cananea] em agosto de 1532 "para seguir viagem ao rio da Prata" como escrevera Pero Lopes de Sousa, para naufragar poucos meses depois nas costas do atual Uruguai, e regressando com o resto da frota para São Vicente, antes porém, passando pela ilha de Santa Catarina para alguns aprontos.</div>
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Enquanto isto, uma expedição espanhola comandada pelo cruel e sangüinário Francisco Pizarro alcançava Cuzco, no Peru, a capital do Império Inca via a costa do Pacífico, e aprisionava o lendário "Rei Branco" Atahualpa. Era a conquista considerada por muitos como sendo a "mais extraordinária façanha da história do Novo Mundo". Ora, esta era também a ambição da Coroa Portuguesa, e a principal missão de Martim Afonso, alcançar a cobiçada Serra da Prata e os tesouros do Rei Branco, seja por terra (pelo Caminho do Peabirú) ou por mares e rios (Atlântico Sul , Rio da Prata e seus afluentes).</div>
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Quando a notícia chegou aos portugueses o desânimo se abateu, não só em Lisboa como no recém donatário daquelas terras da chamada "Costa do ouro e prata", por presumirem-se sair das latitudes 25 e 26° os caminhos terrestres que chegar-se-ia no ambicionado tesouro. Pizarro chegara antes. E Martim Afonso abandonou suas terras e foi fazer fortuna na Índia. Os traficantes de escravos índios, degredados e aventureiros mais uma vez estavam sem lei e sem rei .Antes de partir para Lisboa, em meados de 1533, possivelmente por intermédio de Tibiriçá, chefe Tupininquim e seu aliado, Martim Afonso ainda recebeu outra péssima notícia: a expedição terrestre que enviara, chefiada por Pero Lopo, seu homem de confiança guiado por um dos "genros" de Cosme Fernandes, o espanhol Francisco de Chaves, fora dizimada .</div>
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Cerca de 80 homens foram mortos nas margens do rio Iguaçu após subirem a serra do Mar e alcançarem o já conhecido "Caminho do Peabirú", integrante da malha viária Inca.</div>
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Irado, Martim Afonso imediatamente suspeitou de Cosme Fernandes e seus "genros" desertores e degredados espanhóis que com ele viviam, pois como eram amigos dos Carijó, provavelmente teriam armado uma cilada à expedição lusa. Ao mesmo tempo que suspendia outra expedição que iria enviar ao planalto paulista sob o comando de Pero de Góis, ordenou o envio de um tropa ao reduto de Cosme, onde encontravam-se os espanhóis Ruy Moschera, ex-tripulante do navegante italiano à serviço de Castela Sebastião Caboto (filho de John Cabot ou Giovanni Caboto, que sob bandeira inglesa descobrira e alcançara a região de Terra Nova - atual Canadá).Intimado a comparecer à São Vicente para cumprir pena pela traição que cometera a Martim Afonso, Cosme Fernandes recusou-se , pois sabia que seria duramente interrogado por Pero de Góis sobre o massacre dos portugueses no interior do atual Paraná. Cosme e sua prole abrigam-se na povoação de Iguape onde o castelhano Ruy Mosquera estava vivendo, e não reconhecia a soberania portuguesa naquela região, e que a " estava ali povoado em nome do imperador Carlos V [de Espanha] , de quem era vassalo."[9]</div>
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Estava armado o conflito, que corsários franceses desavisados seriam as primeiras vitimas. Ancorados numa das baías da região, uma nau francesa refrescando-se com mantimentos e água, numa certa noite foram surpreendidos pelas canoas indígenas comandadas por Cosme e Moschera, de posse de marujos presos como reféns tomaram posse do navio e seus armamento e munições, equipando-se para o iminente confronto com os portugueses de São Vicente.O plano dera certo para os rebeldes do povoado de Iguape.</div>
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<br /></div>
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Esperando entrincheirados e armados pela tropa lusa, os índios flecheiros, arcabuzes e os canhões do navio corsário puseram em debandada cerca de 80 homens de Pero de Góis, que em seguida foram massacrados por outra tropa de índios leais a Cosme e Moschera, no local hoje atribuído com sendo a barra do rio Icapaça. O próprio comandante Góis fora ferido gravemente, abatendo mais ainda a tropa lusa. A euforia foi geral no pequeno povoado renegado. Não satisfeitos, embarcaram na nau francesa capturada e dirigiram-se a São Vicente, fundada por Martim Afonso, que havia regressado à Portugal.</div>
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Colocaram abaixo o pelourinho, símbolo da justiça colonial, abriram as portas da cadeia, e eliminaram qualquer vestígio de domínio luso do local. Mais de dois terços dos portugueses habitantes do povoado foram massacrados, de tal forma, que durante mais de uma década houveram dificuldades para reerguer a fundação, era a primeira guerra civil em território brasileiro, liderada por Moschera e pelo "Bacharel" e uns duzentos Carijó. Segundo o historiador Eduardo Bueno em seu livro Capitães do Brasil, "Dos 150 portugueses deixados por Martim Afonso no Brasil, cerca de 100 pereceram no confronto. Entre os mortos estava o náufrago Henrique Montes."[10]</div>
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Os anos que se seguiram na região foram de abandono e esquecimento pelos donatários das capitanias, que enriqueciam governando Goa ( a partir de setembro de 1534), o entreposto dos portugueses na Índia. Passava então à sua mulher e castelhana D. Ana Pimentel, a administração das terras que aqui deixara (as Capitanias de São Vicente e Rio de Janeiro). </div>
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Pero Lopes de Sousa faria o mesmo, antes de partir para a Índia, onde morreria em 1541, nomeou sua jovem esposa , a rica D. Isabel, a donatária das terras que recebera no Brasil, incluindo a Capitania de Sant'Ana, que iniciava-se na ilha do Mel, na barra da baía de Paranaguá.A chamada "Guerra de Iguape" espalharia os portugueses, castelhanos e seus filhos mamelucos pelas ilhas e recantos do complexo estuário da baía de Paranaguá, temendo futuros conflitos e uma revanche lusitana. </div>
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<img alt="" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVTmMVZrIDvXC1qsAihTwV7VXrPu8hTz774I5uPYdm1CSRTOl_xZaRywciDdaNZC8XoN285twZik86eAPHVo5e693rLJCrwr1bjZQd9XX2369Tg7FVMvAMb5BUpJB8uGV8NK8NGZQKTxsD/s400/mapa+litoral+cananeia_paranagua+1519.jpg" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5292679893788927650" style="cursor: hand; display: block; height: 258px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /></div>
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<span style="font-size: 78%;">Litoral do sul de São Paulo e do Paraná: Atlas Miller (1519?)</span></div>
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O castelhano Moschera mudara-se com alguns Carijó para o Porto de Patos [em frente à ilha de Santa Catarina], enquanto que por muito tempo, as referencias do paradeiro do " Bacharel" desaparecem por volta de 1537. </div>
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Segundo Eduardo Bueno, ao mencionar opiniões de pesquisadores, o "Bacharel" teria sido morto pelos seus amigos índios Carijó. Ocorre que a premissa bibliográfica utilizada pelo autor não é a mesma que utilizamos para esta pesquisa. Em 1542 deixaria terras para seus descendentes no Porto das Naus, São Vicente. Com isso, a fixação histórica e erros de pesquisa, induziram a erro eminentes historiadores brasileiros, que tornaram-se referências para escritores internacionais. </div>
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A então "Costa do Ouro e Prata" seria abandonada pelos portugueses por quase duas décadas, enquanto nascia e se multiplicava na região, um povo remanescente daqueles primeiro aventureiros.</div>
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<span style="font-size: 78%;">[1] ALMEIDA, A.P. op.cit (1963).</span><br />
<span style="font-size: 78%;">[2] BUENO, Eduardo. Op.cit. ( 1998, p.49)</span><br />
<span style="font-size: 78%;">[3] BUENO, Eduardo. Op.cit. ( 1999, p.86 )</span><br />
<span style="font-size: 78%;">[4] Idem ( p.122 )</span><br />
<span style="font-size: 78%;">[5] CASAL, Aires do ( op.cit., p. 228).</span><br />
<span style="font-size: 78%;">[6] Op.cit. (1998, p.159)</span><br />
<span style="font-size: 78%;">[7] Carta existente no Arquivo Geral das Índias, em Sevilha, Espanha.</span><br />
<span style="font-size: 78%;">[8] Op.cit. (1998, p.159)[9] BUENO, Eduardo (1998, p.97)</span><br />
<span style="font-size: 78%;">[10] Op. Cit. (p.98)</span> </div>
Daniel Lucio Oliveira de Souzahttp://www.blogger.com/profile/17459041040263419497noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7717484774104320863.post-30248819343910147862009-01-17T19:43:00.009-02:002014-08-17T19:08:43.285-03:00CANANÉIA E PARANAGUÁ: Histórias comuns na era das grandes navegações<div align="center">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvmuL7A8Mv1Hen7CqNUYShJu5TDom5RdmJOPiBb2GdTUSBh29TQVsdqS93ChyphenhyphenvTQ0y-PI8cY6vtvb6vLzutpejf1ERt_DRWLfbh4r0nDFa39K3Aom1RtY_Hrr4cusM9XtDrFadcFUwsztu/s1600-h/Mapa+Brasil_1519.jpg"><img alt="" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvmuL7A8Mv1Hen7CqNUYShJu5TDom5RdmJOPiBb2GdTUSBh29TQVsdqS93ChyphenhyphenvTQ0y-PI8cY6vtvb6vLzutpejf1ERt_DRWLfbh4r0nDFa39K3Aom1RtY_Hrr4cusM9XtDrFadcFUwsztu/s400/Mapa+Brasil_1519.jpg" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5292471876115076994" style="cursor: hand; display: block; height: 361px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /></a><span style="font-size: 78%;">Terra Brasilis: Atlas Miller (1519?) A primeira referência pública da cartografia brasileira.</span></div>
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<br />
O MITO DE CANANÉIA E ERROS HISTÓRICOS<br />
por Daniel Lúcio de Souza<br />
<br />
Da mesma forma que a história é escrita pelos vencedores, erros de pesquisas históricas induzem os pesquisadores subseqüentes a manter erros mantidos por séculos como verdade, pelo fato de não serem questionados pela academia, o desinteresse dos formuladores e pesquisadores das navegações na Era dos Descobrimentos em aprofundar-se na discussão pontual da baía de Paranaguá, detalhes documentais e geográficos foram relegados ao esquecimento, inclusive por escritores com obras publicadas no início do século 21. </div>
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<span style="font-size: 78%;"></span></div>
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Como o mito de Cananéia, ocorreram sucessões de erros de citações históricas que passaram a ser utilizados por pesquisadores internacionais que potencializaram os equívocos. A atual ilha e cidade de Cananéia, demonstram que algum equívoco inicial nas primeiras navegações por estas águas do Atlântico Sul, batizou o local um outro local com este nome, mas não a Cananéia contemporânea. O primeiro argumento é simples, a sua topografia. Por ser ilha interior à porção continental, ao nível do mar e ser impossível sua visualização oceânica, não poderia à época ser considerada um acidente geográfico perceptível aos timoneiros e capitães em suas velejadas. Apenas uma visualização aérea, por meio de uma montanha, poderia identifica-la como "ilha", ao contrário das amplas barras e baías que formam o complexo estuarino de Paranaguá.O próprio pesquisador Antonio Paulino de Almeida, descreve a topografia de sua terra natal: "Tanto a ilha de Cananéia com a ilha comprida, todo o terreno é extremamente plano, existindo apenas em cada uma delas um pequeno morro defronte ao outro...", e quanto as aguadas para refresco das embarcações, sua dificuldade é justificada pelas considerações do mesmo autor ao comentar que "apenas o morro de São João, na ilha de Cananéia possui alguns pequenos veios de água potável, servindo-se a população rural de água geralmente salobras."</div>
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Quanto a ilha do Cardoso, que possui picos de até 890 metros de altura, e faz barra da baía de Cananéia pela sua extremidade nordeste chamada ponta do Itacurussá, o autor afirma que é "ao contrário, é excessivamente montanhosa e dotada de numerosas cachoeiras."[1]</div>
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Foi nesta ilha que foram encontrados os marco de posse e tenentes com a Cruz da Ordem de Cristo, que o próprio Almeida admite ter sido a expedição de Martim Afonso de Sousa tê-los chantado na entrada da barra em 1531. Atualmente no local acha-se a réplica do monumento, sendo que o original encontra-se no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Percebe-se na escultura uma nova forma da insígnia lusitana, onde a Cruz da Ordem de Cristo passa a ter influência da Cruz de Malta, ao contrário das de décadas anteriores. </div>
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O meridiano de Tordesilhas ainda era locado com precária precisão pela falta do domínio pleno do cálculo da longitude, e por esta razão contestada por ambas coroas signatárias do tratado: Portugal e Espanha. Para complicar a disputa pelas novas terras, havia a cobiça tanto de franceses como de holandeses. Cananéia e Laguna acreditavam os lusos, seriam portanto limite de possessão portuguesa, ao contrário, "eram terras castelhanas", diziam os espanhóis de Castela.</div>
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Mesmo em pleno século 21, com aferições geodésicas que nos permitem precisar que a atual cidade de Cananéia era território português, e portanto, não poder-se-ia conservar erros históricos como o fez o historiador Eduardo Bueno no decorrer de toda sua coleção Terra Brasilis (três volumes). Ao afirmar reiteradamente citações como: No volume II - Náufragos, Traficantes e Degredados, ao comentar a expedição lusa chefiada por Gonçalo Coelho, tendo como cosmógrafo Américo Vespúcio, e reconhecendo que estes perceberam estarem em terras espanholas, conforme prescrevia o tratado de Tordesilhas, Bueno cita que "ao zarpar de Cananéia , em 15 de Fevereiro de 1502, com água, mantimentos e lenha [...] a frota foi se afastando do litoral, guinando para leste - em direção à África."[2] , o que incorreto por duas razões: a primeira é que é incontestável na atual historiografia o alcance da frota, já então sob comando de Vespúcio, que esta chegara à latitude 53° sul costeando o continente, quase descobrindo o estreito que o luso Fernando de Magalhães e amigo de Vespúcio o faria em 1519 sob bandeira castelhana. </div>
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O segundo equívoco nesta citação, é de afirmar a saída da frota da atual Cananéia, inclusive com indicação em mapa desenhado pelo autor (p. 51). O mesmo Bueno repetiria no volume III - Capitães do Brasil, ao reiterar a posição errônea do meridiano, ao dizer "...já que a linha de Tordesilhas passava em Cananéia"[3] ou, "Além de Cananéia ficar dentro da zona espanhola da demarcação de Tordesilhas, ali os castelhanos poderiam contar com o apoio do Bacharel..."[4].</div>
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Mas afinal, o que teria levado tantas confusões e referenciais históricos até então mantidos?</div>
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O equívoco teria sido "oficializado" por Aires de Casal em 1817, ao afirmar que marcos de posse ali encontrados fossem obra da expedição lusa de Gonçalo Coelho e Vespúcio, se multiplicou e manteve-se até o início do século 21.Ao ser citada originalmente pelo frei Aires de Casal na sua obra Corografia Brasílica, de 1817, a ilha paulista passou daquele momento em diante a ser considerada como o local em que a expedição lusitana de Américo Vespúcio e Gonçalo Coelho na latitude 25° do litoral sul de São Paulo e do Paraná. </div>
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O objeto que Ayres de Casal usou para montar sua tese ao descrever em seu livro de geografia brasileira, foi o marco-de-posse , com as armas da Coroa de Portugal, lá encontrado, sendo à época atribuído à expedição que partiu com três caravelas em 1501 para reconhecimento da costa brasileira, e aportou nas águas do estuário da baía de Paranaguá em Fevereiro de 1502. </div>
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Cananéia teria, ao longo dos séculos, influência decisiva na chegada dos primeiros homens brancos a fixarem-se no interior da baía de Paranaguá, além de ser um gargalo histórico na história das navegações do Atlântico Sul.</div>
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O Historiador e pesquisador Antonio Paulino de Almeida, escritor de uma das mais importantes obras relativas à história do local, desvenda uma sucessão de equívocos e citações que se multiplicaram por anos. Paulino era nascido na atual cidade de Cananéia, tendo ocupado o cargo de chefe da seção histórica do Departamento do Arquivo do Estado de São Paulo, e membro da Sociedade de Estudos Históricos de São Paulo.</div>
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Em 1963 publicou os dois volumes de sua Memória Histórica Sobre Cananéia, base para os estudos sobre a região que impactaria sobremaneira a formação antropológica Parnanguara.Nos primeiros anos do século 16, a Ilha Cananéia era assim denominada pelos navegantes por razões ainda confusas, pois sua primeira citação consta no diário de bordo da expedição do navegador português Martim Afonso de Souza, em 1531, quando foi então nomeado pelo Rei de Portugal como donatário das principais terras da nova Terra de Vera Cruz, popularmente conhecida na Europa como Terra do Brasil.Assim, a Ilha do Bom Abrigo, que supostamente a expedição de Vespúcio (1502) teria batizado como Ilha da Cananea, com o passar dos anos cedeu seu nome às povoações e abrigos no continente.</div>
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Tanto que quase 30 anos depois, Pero Lopes de Souza repete em seu diário o achamento da mesma ilha oceânica (diário de viagem de 1532). Por décadas algumas confusões geográficas se mantiveram. A própria ilha de São Francisco do Sul chegou a ser chamada de "Rio de São Francisco do Sul da Cananéa". A diferença de um grau na latitude nas cartas de marear, era aceitável para a época, com descrições de topografias similares, eram por si só grande indutores a erros de navegação e de interpretação histórica.Até nos dias atuais do século 21, é comum que historiadores mantenham em suas referências bibliográficas e citações textuais equivocadas pela repetição de equívocos. Vespúcio, ao batizar o "Rio de Cananor", no extremo sul do continente, na atual Argentina, também foi motivo de confusões geográficas, como se fosse uma citação à "Cananéia".</div>
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Ora, foi a ilha do Bom Abrigo, que ao ser citada como "Cananea" no diário de Pero Lopes de Sousa, irmão e companheiro de viagem de Martim Afonso ao Rio da Prata, fez com que esta denominação migrasse à região continental frontal à ilha, e não o contrário. Até por impossibilidade visual do homem do mar avistar a atual ilha interior onde se estabeleceu a Cananéia moderna.</div>
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A própria etimologia do nome é por si só outro ponto de divergência de autores e pesquisadores. Uma corrente defende a origem tupi-guarani, sendo uma derivação das palavras caniné ou canindé , uma certa espécie de arara. Ocorre que na ilha nunca existiram este tipo de ave, e tão somente periquitos. As toponímicas indígenas a procura do significado desta são variadas. Some-se o fato de que ao chegar na Ilha do Bom Abrigo, o diário de bordo da frota de Martim Afonso confirmava ser esta a "ilha da Cananéa", deixando a forte impressão que sua localização estava prevista na carta.</div>
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Isto antes sequer de ir a terra contatar índios e degredados, numa velejada que teve início no Rio de Janeiro.O termo cananéia (grafia atual ) ou cananea (grafia antiga) é anterior ao próprio descobrimento do Brasil.</div>
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É milenar e bíblico.Talvez a mais convincente das explicações seja dada por Antonio Paulino de Almeida, que após citar passagens bíblicas onde o termo aparece no Livro de Mateus " a mulher cananéia, cuja filha Ele sarou."</div>
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O MARCO DE CANANÉIA - UMA TEORIA EQUIVOCADA</div>
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A atual cidade de Cananéia tem sido por 200 anos considerada como a baía na qual a frota de Vespúcio em Fevereiro de 1502 teria aportado e ali ficado por cerca de 15 dias.Tal teoria foi apresentada pelo padre Manuel Aires de Casal (ou Ayres de Cazal, como na grafia da época), em seu livro "Corografia Brasílica", publicada em 1817 e até o presente incontestada por diversos historiadores brasileiros, e citado como referência por diversos escritores estrangeiros.</div>
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<img alt="" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjE3_P7BuAR2IHlHCJHdB8q4wJxQP6zWIIEbqfQZ_HqyTHQhH6sxSql0phOVr21P0jtPLKECDSxsflFfUN6LbBCIAfrt1H8Eg-ULKr9r24HJLzU4OXdZkdAPS3u-KJTyBetkddC3akAWilx/s400/Marco_ilha+do+Cardoso.jpg" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5292471700938846466" style="cursor: hand; display: block; height: 279px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 217px;" /><span style="font-size: 78%;">Réplica do marco-padrão português: Expedição 1502 de Amérco Vespucio no Atlântico Sul, incluindo-se a baía de Paranaguá.</span></div>
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Esta tese tomou com fundamento o padrão de mármore com as armas do Rei de Portugal encontrado na barra de Cananéia, que hoje encontra-se no Instituto Históricos e Geográfico Brasileiro, no Rio de Janeiro, que teria sido lá fixado pela expedição de 1501 na qual se encontrava Américo Vespúcio.Aires de Casal em sua obra, assume posição avessa a Vespúcio, comungando de uma escola que rotula o navegador florentino de forma negativa, e que formou opinião estereotipada e equivocada por diversas razões, reforçadas pela documentação incompleta das cartas e documentos relativos a ele, que mesmo no século XX continuaram a descobrir-se documentos inéditos que possibilitou aos estudiosos do homem que descortinou à Europa um "mundus novus" , e que só após 450 anos de pesquisas sua imagem foi por fim valorizada e confirmados seus feitos.</div>
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O historiador brasileiro Caio Prado Júnior, faz uma sincera introdução de "Corografia Brasílica" , na reedição da obra em 1945: " Do padre Manuel Aires de Casal... pouco se sabe. Quase tudo a respeito de sua vida são conjecturas e fatos duvidosos. Segundo Rodolfo Garcia, ele é natural de Pedrogan, Portugal, e já se achava no Brasil em 1796, servindo ao capelão da Misericórdia do Rio de Janeiro. Dava-se a trabalhos literários, pois encontramo-lo naquele mesmo ano copiando o manuscrito da Conquista Espiritual do padre Antonio Ruis Montoya.</div>
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Permanece no Brasil até 1821, quando se retira com o Rei para a Europa, onde falece pouco depois sem ter deixado a segunda edição.. que estava nos seus planos. Caio Prado resume: "Esta, que é a sua grande e na verdade única obra, saiu à luz na Impressão Régia, sob auspícios oficiais, em 1817.</div>
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"Para entender-se o ânimo e o perfil do homem que montou a teoria do padrão de Cananéia como obra da expedição lusa de 1501 na qual Vespúcio se integrara e passaria a comandar dali em diante, é necessário entendermos seu estilo de pesquisa que culminou na Corografia, que nas décadas seguintes passou a ser o manual para os estudiosos da geografia brasileira, ainda mais sob o patrocínio da Coroa Portuguesa. </div>
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Enquanto naturalistas e geógrafos europeus como Saint-Hilaire, Spix, Martius e outros, embrenhavam-se pelos sertões brasileiros coletando fatos, objetos, observando as populações regionais em todos os cantos do país e inferindo conclusões, Aires de Casal revolvia os volumes da Biblioteca Real no Rio de Janeiro e dos seus arquivos, à cata de informações.</div>
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Esta foi sua fonte de pesquisa.Como observou Prado Júnior: "Na parte geográfica é muito parco em notícias bibliográficas, quase não cita suas fontes, e é difícil reconstituí-las."</div>
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A referência que Aires de Casal faz ao marco de Cananéia, que passou a ser considerada até o presente como verdade inconteste, foi em razão da nota de n.º 42 da sua Corografia", quando escreveu: " Na entrada da barra de Cananéia, da banda do continente, sobre umas pedras, está um padrão de mármore europeu, com quatro palmos de comprimento, um de grossura, e as Armas Reais de Portugal sem castelos, posto que mais deteriorado do que muitos o pensaria, bem que se conhece que foi colocado em 1503. Continua Casal: "Este monumento prova com toda a evidencia que a armada que neste ano saiu do Tejo para examinar a Terra de Vera Cruz não retrocedeu do paralelo 18o latitude austral, como pretende o fabuloso Américo Vespúcio; e mostra também não ter sido colocado em 1531 como quer o <strong>moderníssimo</strong> <em>[sem negrito no original]</em>, nosso beneditino Frei Gaspar, que não duvidou asseverar por conjectura que fora posto por Martim Afonso, depondo finalmente a nosso favor e contra Américo Vespúcio, que a armada de 1501 não tomou a costa oriental, ou não chegou a estas paragens, porque ela devia levar padrões para autenticar a posse que da terra se tomava."[5]</div>
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Ao pretender desqualificar a opinião contrária do pesquisador seu concorrente Frei Gaspar, chama-o de "moderníssimo" em plena corte portuguesa refugiada no Brasil, altamente conservadora e patrocinadora oficial sua obra. </div>
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Mas, passados mais de 180 anos da publicação da Corografia de Aires de Casal, pode-se agora afirmar que Frei Gaspar que tinha razão com relação ao marco-padrão encontrado na ponta do Itacurussá, na ilha do Cardoso, parte sul da barra de Cananéia: não fora expedição de Vespúcio que chantara [termo utilizado pelos navegantes para o ato de cravar e fixar ] o padrão ali encontrado.Na época em que pesquisou Casal (1800?-1817), com relação ainda aos marcos (padrões) documentados e registrados, dá como conhecidos na costa da América do Sul no sentido nordeste ao sul, cinco padrões: 1) Na Praia dos Marcos, entre a baía Formosa e a da Traição; 2) Na baía de Todos os Santos; 3) Na barra de Cananéia; 4) Na ilha de Maldonado e 5) Entre a ponta sul da baía de São Mathias e a Ponta do Padrão (Argentina). Fica a pergunta: Qual ou quais expedições os fixaram nestes pontos?</div>
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O ENIGMÁTICO BACHAREL DE CANANÉIA</div>
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Para um castelhano da época um bachiller significava um "tagarela", um hábil falastrão, ou seja , alguém com o dom da oratória. No português da época , bacharel também tinha esta conceituação, somente na atualidade é que o termo tem uma aplicação mais nobre: alguém graduado em uma faculdade, embora os dicionários ainda preservem o conceito arcaico de tagarela.</div>
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<img alt="" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh86OzpDH6oa-8fQ-k-GdDXspc98yjwPFCONtQ8EHmEfV2oAKTAG7mRZ05OrcN3elPlsoaQvPDOGuEIYbbH01wZ8e6ENrshA3szkZVTURYQdwnnZmbUYq2zsbtakEzQ023Qg2zp6QyUxsXq/s400/pousada++no+porto+do+bacharel+1940.jpg" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5292472019911074946" style="cursor: hand; display: block; height: 268px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /></div>
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<span style="font-size: 78%;">Casario antigo (hoje pousada) na localidade Porto do Bacharel, referência ao famoso personagem europeu habitante do Brasil (foto 1940)</span></div>
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Figura das mais controvertidas da história das navegações pelo Atlântico Sul, o Bacharel de Cananéia chegou a ser cortejado pela coroa castelhana para que empunhasse a bandeira daquele reino espanhol e com isto aquelas terras e mares teriam reconhecimento de posse como se espanhola fosse.O transito de expedições aportando na Ilha do Bom Abrigo, faziam com que o esperto Bacharel pendulasse suas preferências, ora por Portugal ora por Espanha. Em 21 de agosto de 1536 a rainha de Castela cria uma gobernación na costa do Brasil, para fazer frente a ousadia lusa de penetrar no continente além do meridiano de Tordesilhas, e a concede a Gregório de Pesquera Rosa, uma região costeira que iniciava-me na Ilha Cananéia (atual Bom Abrigo) e avançava para "rio de Santa Catarina", como cem léguas de este a oeste.</div>
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Desse modo, o atual Sul do Estado de São Paulo, todo o Paraná e Santa Catarina seriam uma província espanhola.Ocorre que o Rei de Espanha, sabendo que a decisão de sua Rainha confrontava com que ele havia doado por decreto a Dom Pedro de Mendoza, que partira de Espanha em Setembro de 1534 para colonizar o Rio da Prata, rasgou os documentos assinados por sua esposa. E assim retardou ou reclames castelhanos à estas terras por décadas futuras.Neste clima é que os degredados atuavam, fornecendo suprimentos às frotas por ali passageiras e auferindo vantagens materiais e políticas nesta "terra de ninguém".</div>
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Ao dizer que o Bacharel estaria há "trinta anos" naquelas terras, o diário de Pero Lopes de Souza (1531) remete-nos ao anos 1501, quando então teria sido levado à praia por algum batel ou bergantim lançado de alguma frota ancorada na Ilha do Bom Abrigo. Seria impossível supor que naus ou caravelas se atrevessem a entrar na estreita barra da atual Cananéia, com uma profundidade baixa "três braças na preamar" , velejando de empopada com vento leste, arriscando caríssimas embarcações apenas para desfazer-se de um criminoso a cumprir seu desterro, ou seria abandonado à própria sorte na própria Ilha do Bom Abrigo e posteriormente levado á terra por índios Carijó que ali acorriam ou levado à praia por embarcações menores por misericórdia do capitão, o que é mais provável.Mas que expedição teria para lá levado tão sinistra figura? chegam a afirmar que teria sido a de Américo Vespúcio e Gonçalo Coelho. É possível. </div>
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O calendário florentino tinha um anos a menos do que o calendário ibérico, ou seja, as cartas de Américo Vespúcio a seus amigos de Florença, eram datadas pelo calendário praticado por seus patrícios e destinatários das boas novas do Novo Mundo. </div>
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Assim, ao datar 1501, Vespúcio estava na verdade em 1502 pelo estilo português e espanhol, daí a confusão que muitos historiadores cometeram ao datar suas viagens.É possível que ao zarparem da Ilha do Bom Abrigo em Fevereiro de 1502, a expedição comandada por Gonçalo Coelho, com Vespúcio a bordo, tenham lá deixado ou desembarcado nas praias da Ilha Comprida, o degredado Cosme Fernandes, que viria a ser chamado de Mestre Cosme e por fim Bacharel, por suas habilidades intelectuais.Este homem serviria para referenciar-se o primeiro homem branco europeu no estuário Cananéia-Iguape-Paranaguá, bem como fundamentar as teorias da ancoragem da flotilha de Vespúcio na atual "Cananéia". </div>
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Ora, se fosse possível provar que o tal Bacharel foi deixado em terra pela expedição de 1502 (1501 pelo calendário florentino), conectando-se com o encontro da frota de Martim Afonso com os portugueses e castelhanos no mesmo local em 1531, além de atribuir-se a expedição de Vespúcio a colocação do marco-de-posse luso encontrado na ponta de Itacurussá (na Ilha do Cardoso), estaria assim provado que fora lá que a expedição esteve por quase duas semanas no verão de 1502.Foi o pesquisador Ernesto Guilherme Young, nascido em Iguape, Estado de São Paulo, ao dedicar anos de pesquisa sobre a figura polêmica do Bacharel, foi quem, por fim , publicou trabalho no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, onde enfim desvenda tão misterioso personagem, através de profundo trabalho amparado por documentação e aval daquela instituição. </div>
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O misterioso bacharel, enfim, era o português Cosme Fernandes, sogro de Francisco de Chaves, que desaparecera na expedição de Pero Lobo em 1531, cuja eloqüência e esperteza seguramente lhe conferiram este apelido. Em documentos datados de 1542 da Capitania de São Vicente, então sob jurisdição de Martim Afonso, seu capitão e ouvidor Antonio de Oliveira transcreve uma Carta de Confirmação, na qual aos oficializar a posse de terras, cita com clareza o nome de Cosme Fernandes, o "bacharel", já então dono de terras no Porto das Naus, em São Vicente.</div>
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Também em Iguape, surge documento no qual ele manifestava seu arrependimento e temos por sua alma pelos cometidos, e preparava seu testamento no Livro do Tombo da vila ao deixar que o notário registrasse:"Cosme Fernandes, pessoa de <strong>grande merecimento</strong> <em>[nosso grifo],</em> deixou em seu testamento declaração de que suas terras ficam oneradas com a pensão anual de uma missa para todo o sempre, pelo descanso de sua alma, sendo como é <strong>um grande criminoso</strong> [não destacado no original], ficando o pároco encarregado de arrecadar esta dita pensão dos seus herdeiros." </div>
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Na mesma região à beira mar, foram localizados nos séculos seguintes herdeiros de terras com o sobrenome "Fernandes" , com observações de que eram devidas as pensões para custear as missas pelas "almas do purgatório", do famoso "mestre Cosme", como apareceu em muitas outras referências de navegantes portugueses e espanhóis em sua Relações [relatórios de viagens].Mesmo pesquisadores contemporâneos , além de confundirem-se com esta figura até então enigmática, equivocaram-se até com a transcrição do seu nome de forma correta. Um exemplo é o historiador Eduardo Bueno, quando no se livro Náufragos, Traficantes e Degredados afirma tratar-se de "Cosme Fernandes Pessoa"[6] [<em>meu grifo</em>], quando na verdade o sobrenome "Pessoa" foi acrescentado de forma errônea, pela leitura do pesquisador no documento original chamaram-no de "pessoa de grande merecimento".Sua importância naqueles tempos para os que lançavam-se às estes mares e terras, chegou a impressionar a corte espanhola, a ponto de ser citado em ofício da Rainha de Castela em 9 de Setembro de 1536, no ato de nomeação de Gregório de Pesquera como gobernador destas terras. </div>
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A rainha pede ao bachiller apoio à missão de sue enviado, e em troca lhe promete que "....por certo mandarei ter em memória de vosso serviços para os fazer à vós e à vossos filhos o merecimento que tenha lugar..." [7]Este homem, conhecedor da região, bem relacionados com os Carijó, com cujas mulheres fora casado e teve filhos com elas , prestou serviços a muitos navegantes e timoneiros que dirigiam-se aos mares do sul. </div>
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O domínio da língua tupi e guarani, o conhecimento de trilhas e águas que adentravam ao continente, foi provavelmente um dos primeiros europeus a adentrar com barcos à vela e canoas nas águas da baía de Paranaguá , por ser integrante da frota de Vespúcio, corroborado por diversos pesquisadores, como E. Bueno ao citar Francisco de Varnhagen, "o bacharel fora deixado pela expedição de Gonçalo Coelho e Américo Vespúcio em 1502 (o que corresponderia aos aproximados 30 anos aos quais se referiu Diego Garcia)."[8]</div>
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Esta observação também constou nas anotações de Pero Lopes de Sousa ao chegar na ilha do Bom Abrigo em 1531.Mas teria Cosme Fernandes, o bacharel, ficado imobilizado e confinando em uma pequena ilha interior por 30 anos após ter sido aceito pelos Carijó e constituído vasta prole assumindo seu papel na comunidade indígena? Certamente que não. A mobilidade e a citação desta figura tão conhecida e ativa na região, por si permite ao pesquisador inferir que ao ser degredado pela justiça portuguesa e cumprido pela frota de Vespúcio na expedição de 1502, pode ser dado tanto no interior da baía de Paranaguá, junto aos índios Carijó, como em São Vicente, junto aos Tupininquim.</div>
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A história confusa e contraditória de Cosme Fernandes, tem ligação direta com a correta locação do nome geográfico cananéia, pois onde foi desterrado, reencontrado e depois se relacionando com lusos e castelhanos, foram construindo referências históricas que o tempo encarregou-se de não questionar e transformaram-se em "verdades".</div>
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Assim, o "Bacharel" nômade, mercenário e aventureiro, transformou-se em referência para sítios geográficos fixos de forma equivocada.</div>
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A GUERRA DE IGUAPE</div>
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A insistência histórica em torno do termo "cananéia", era alimentada pela vinculação entre um sítio geográfico e um personagem. Em especial, ao homem que navegava e se fixava ora numa região ora em outra, com suas mulheres e amigos índios. Este homem era Cosme "Bacharel" Fernandes. Enquanto a frota de Martim Afonso de Sousa deixava a ilha do Bom Abrigo [então erroneamente chamada de Cananea] em agosto de 1532 "para seguir viagem ao rio da Prata" como escrevera Pero Lopes de Sousa, para naufragar poucos meses depois nas costas do atual Uruguai, e regressando com o resto da frota para São Vicente, antes porém, passando pela ilha de Santa Catarina para alguns aprontos.</div>
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Enquanto isto, uma expedição espanhola comandada pelo cruel e sangüinário Francisco Pizarro alcançava Cuzco, no Peru, a capital do Império Inca via a costa do Pacífico, e aprisionava o lendário "Rei Branco" Atahualpa. Era a conquista considerada por muitos como sendo a "mais extraordinária façanha da história do Novo Mundo". Ora, esta era também a ambição da Coroa Portuguesa, e a principal missão de Martim Afonso, alcançar a cobiçada Serra da Prata e os tesouros do Rei Branco, seja por terra (pelo Caminho do Peabirú) ou por mares e rios (Atlântico Sul , Rio da Prata e seus afluentes).</div>
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Quando a notícia chegou aos portugueses o desânimo se abateu, não só em Lisboa como no recém donatário daquelas terras da chamada "Costa do ouro e prata", por presumirem-se sair das latitudes 25 e 26° os caminhos terrestres que chegar-se-ia no ambicionado tesouro. Pizarro chegara antes. E Martim Afonso abandonou suas terras e foi fazer fortuna na Índia. Os traficantes de escravos índios, degredados e aventureiros mais uma vez estavam sem lei e sem rei .Antes de partir para Lisboa, em meados de 1533, possivelmente por intermédio de Tibiriçá, chefe Tupininquim e seu aliado, Martim Afonso ainda recebeu outra péssima notícia: a expedição terrestre que enviara, chefiada por Pero Lopo, seu homem de confiança guiado por um dos "genros" de Cosme Fernandes, o espanhol Francisco de Chaves, fora dizimada .</div>
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Cerca de 80 homens foram mortos nas margens do rio Iguaçu após subirem a serra do Mar e alcançarem o já conhecido "Caminho do Peabirú", integrante da malha viária Inca.</div>
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Irado, Martim Afonso imediatamente suspeitou de Cosme Fernandes e seus "genros" desertores e degredados espanhóis que com ele viviam, pois como eram amigos dos Carijó, provavelmente teriam armado uma cilada à expedição lusa. Ao mesmo tempo que suspendia outra expedição que iria enviar ao planalto paulista sob o comando de Pero de Góis, ordenou o envio de um tropa ao reduto de Cosme, onde encontravam-se os espanhóis Ruy Moschera, ex-tripulante do navegante italiano à serviço de Castela Sebastião Caboto (filho de John Cabot ou Giovanni Caboto, que sob bandeira inglesa descobrira e alcançara a região de Terra Nova - atual Canadá).Intimado a comparecer à São Vicente para cumprir pena pela traição que cometera a Martim Afonso, Cosme Fernandes recusou-se , pois sabia que seria duramente interrogado por Pero de Góis sobre o massacre dos portugueses no interior do atual Paraná. Cosme e sua prole abrigam-se na povoação de Iguape onde o castelhano Ruy Mosquera estava vivendo, e não reconhecia a soberania portuguesa naquela região, e que a " estava ali povoado em nome do imperador Carlos V [de Espanha] , de quem era vassalo."[9]</div>
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Estava armado o conflito, que corsários franceses desavisados seriam as primeiras vitimas. Ancorados numa das baías da região, uma nau francesa refrescando-se com mantimentos e água, numa certa noite foram surpreendidos pelas canoas indígenas comandadas por Cosme e Moschera, de posse de marujos presos como reféns tomaram posse do navio e seus armamento e munições, equipando-se para o iminente confronto com os portugueses de São Vicente.O plano dera certo para os rebeldes do povoado de Iguape.</div>
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Esperando entrincheirados e armados pela tropa lusa, os índios flecheiros, arcabuzes e os canhões do navio corsário puseram em debandada cerca de 80 homens de Pero de Góis, que em seguida foram massacrados por outra tropa de índios leais a Cosme e Moschera, no local hoje atribuído com sendo a barra do rio Icapaça. O próprio comandante Góis fora ferido gravemente, abatendo mais ainda a tropa lusa. A euforia foi geral no pequeno povoado renegado. Não satisfeitos, embarcaram na nau francesa capturada e dirigiram-se a São Vicente, fundada por Martim Afonso, que havia regressado à Portugal.</div>
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Colocaram abaixo o pelourinho, símbolo da justiça colonial, abriram as portas da cadeia, e eliminaram qualquer vestígio de domínio luso do local. Mais de dois terços dos portugueses habitantes do povoado foram massacrados, de tal forma, que durante mais de uma década houveram dificuldades para reerguer a fundação, era a primeira guerra civil em território brasileiro, liderada por Moschera e pelo "Bacharel" e uns duzentos Carijó. Segundo o historiador Eduardo Bueno em seu livro Capitães do Brasil, "Dos 150 portugueses deixados por Martim Afonso no Brasil, cerca de 100 pereceram no confronto. Entre os mortos estava o náufrago Henrique Montes."[10]</div>
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Os anos que se seguiram na região foram de abandono e esquecimento pelos donatários das capitanias, que enriqueciam governando Goa ( a partir de setembro de 1534), o entreposto dos portugueses na Índia. Passava então à sua mulher e castelhana D. Ana Pimentel, a administração das terras que aqui deixara (as Capitanias de São Vicente e Rio de Janeiro). </div>
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Pero Lopes de Sousa faria o mesmo, antes de partir para a Índia, onde morreria em 1541, nomeou sua jovem esposa , a rica D. Isabel, a donatária das terras que recebera no Brasil, incluindo a Capitania de Sant'Ana, que iniciava-se na ilha do Mel, na barra da baía de Paranaguá.A chamada "Guerra de Iguape" espalharia os portugueses, castelhanos e seus filhos mamelucos pelas ilhas e recantos do complexo estuário da baía de Paranaguá, temendo futuros conflitos e uma revanche lusitana. </div>
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<img alt="" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVTmMVZrIDvXC1qsAihTwV7VXrPu8hTz774I5uPYdm1CSRTOl_xZaRywciDdaNZC8XoN285twZik86eAPHVo5e693rLJCrwr1bjZQd9XX2369Tg7FVMvAMb5BUpJB8uGV8NK8NGZQKTxsD/s400/mapa+litoral+cananeia_paranagua+1519.jpg" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5292679893788927650" style="cursor: hand; display: block; height: 258px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /></div>
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<span style="font-size: 78%;">Litoral do sul de São Paulo e do Paraná: Atlas Miller (1519?)</span></div>
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O castelhano Moschera mudara-se com alguns Carijó para o Porto de Patos [em frente à ilha de Santa Catarina], enquanto que por muito tempo, as referencias do paradeiro do " Bacharel" desaparecem por volta de 1537. </div>
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Segundo Eduardo Bueno, ao mencionar opiniões de pesquisadores, o "Bacharel" teria sido morto pelos seus amigos índios Carijó. Ocorre que a premissa bibliográfica utilizada pelo autor não é a mesma que utilizamos para esta pesquisa. Em 1542 deixaria terras para seus descendentes no Porto das Naus, São Vicente. Com isso, a fixação histórica e erros de pesquisa, induziram a erro eminentes historiadores brasileiros, que tornaram-se referências para escritores internacionais. </div>
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A então "Costa do Ouro e Prata" seria abandonada pelos portugueses por quase duas décadas, enquanto nascia e se multiplicava na região, um povo remanescente daqueles primeiro aventureiros.</div>
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<span style="font-size: 78%;">[1] ALMEIDA, A.P. op.cit (1963).</span><br />
<span style="font-size: 78%;">[2] BUENO, Eduardo. Op.cit. ( 1998, p.49)</span><br />
<span style="font-size: 78%;">[3] BUENO, Eduardo. Op.cit. ( 1999, p.86 )</span><br />
<span style="font-size: 78%;">[4] Idem ( p.122 )</span><br />
<span style="font-size: 78%;">[5] CASAL, Aires do ( op.cit., p. 228).</span><br />
<span style="font-size: 78%;">[6] Op.cit. (1998, p.159)</span><br />
<span style="font-size: 78%;">[7] Carta existente no Arquivo Geral das Índias, em Sevilha, Espanha.</span><br />
<span style="font-size: 78%;">[8] Op.cit. (1998, p.159)[9] BUENO, Eduardo (1998, p.97)</span><br />
<span style="font-size: 78%;">[10] Op. Cit. (p.98)</span> </div>
Daniel Lucio Oliveira de Souzahttp://www.blogger.com/profile/17459041040263419497noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7717484774104320863.post-50354037996172447642008-12-06T21:26:00.003-02:002014-08-17T19:07:47.940-03:001502 : O ENCONTRO DE CIVILIZAÇÕESTitle: <strong>1502 - A Civilizations encouters</strong> <a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=7717484774104320863#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title="">[1]</a><br />
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<img alt="" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9aJ8cixhFC9D6IElWCh0jM8nKYeonRTjtngwr5wQOUuPK8Fo4dR0m5Yad6g4s0lrSLEUOcVaDxAHjJxdqcGivA5Y1TjRW7Zu0yh47rvqts6EFlLkHdr0CQkdo2zr0YISN6Z-HAlsNcb3a/s400/Bay+of+Paranagua_satelite.jpg" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5276859177256946370" style="cursor: hand; display: block; height: 328px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 342px;" /><br />
Aquela manhã de Fevereiro de 1502 seria especial para a nação Carijó, os senhores da baía. Como outro dia qualquer de verão na sua baía <em>Parnagoá</em>, a vida transcorria como há milênios. As pirogas cortavam suas águas, impulsionadas por braços fortes e hábeis na condução de suas pequenas naves perfeitamente esculpidas em troncos de canela.<br />
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Fora da baía, três naves à vela costeavam o litoral de Superagüi, em busca de um grande estreito que há séculos navegadores europeus estavam obcecados em achar: O caminhos para as Ilhas Molucas, na Ásia.</div>
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Três caravelas impulsionadas pela brisa terral da manhã e pela maré enchente na barra norte, aproaram suavemente para Oeste, adentrando ao estuário. O comandante da frota, o luso Gonçalo Coelho, sinalizava aos demais veleiros para arribarem a sudoeste, em direção ao uma pequena enseada de uma bela ilha situada na entrada da baía. </div>
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Os estandartes brancos com a Cruz da Ordem de Cristo estampada com as Quinas das Armas do Reis de Portugal, pela primeira vez adentravam àquelas águas. E para aqueles homens, a descoberta do paraíso.</div>
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Américo Vespúcio, o cosmógrafo da flotilha, estava tenso. Algo de fantástico se acrescentava às suas viagens anteriores pelo Caribe. Mas desta vez era diferente, aquele grande caudal de água salgada poderia ser a tão esperada passagem para os mares à Oeste que Colombo e tantos outros navegadores procuravam e ele naquele momento sentia próximo.</div>
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O Comandante dá a ordem de soltar ferros na enseada das Conchas, na bela Ilha do Mel e ordena que seu imediato com dois batéis desembarquem na praia para reconhecimento e ter fala com alguma gente da terra.</div>
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<br />
As ondas quebravam timidamente na areia macia e grossa da ilha coberta de mata e exalando perfumes e cantos de aves que não se intimidavam com a chegada daqueles estranhos visitantes. Os batéis batem à praia. Os homens atentos e com seus arcabuzes em punho, caminham por toda sua extensão, enterrando suas pesadas botas sob o sol que começava a apresentar-se aos europeus que há meses se aventuravam nos trópicos, brotando em suas testas as primeiras gotas de suor e apreensão pela chegada em mais uma nova terra. </div>
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O chefe do grupo, marinheiro experiente de outras campanhas, não queria ser surpreendido por nativos antropófagos como assistira nesta viagem à vulgarmente chamada Terra do Brasil , em desembarque semelhante mais ao norte a poucos meses.</div>
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Mas ninguém apareceu. O sinal foi dado às caravelas. Estava tudo perfeitamente calmo. E os marujos embarcaram nos batéis restantes dirigindo-se à praia. </div>
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Ao chegarem à praia, Gonçalo Coelho e Américo Vespúcio conversavam com olhos estalados ao seu entorno. A paisagem deslumbrante era cenário para seus cálculos de navegação e o desenrolar de suas Cartas de Marear. Enquanto confabulavam, o comandante, Américo e os capitães dos três barcos, um punhado de homens à mando do capitão, subiam um morro no lado oeste da ilha para de lá fazerem mirada e retornarem com suas impressões. </div>
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O Morro da Baleia e sua mata fechada, demandaria horas de subida pela dificuldade de abrir caminho à facão, após ser alcançado pelas pedras que o costeiam . Mas por sua altura na boca da barra, seria ponto estratégico para que o homem da vigia pudesse repassar ao comandante Gonçalo e a Américo suas impressões antes de adentrarem àquelas águas.</div>
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Ao final da tarde os homens estavam de volta, relatando que perdiam de vista a água que adentrava ao continente em direção à oeste, mas que não era possível ver se havia alguma passagem no maciço rochoso que se avistava no horizonte. Não eram nevadas, como dizia a lenda da serra da prata, mas eram imponentes e corriam em paralelo ao oceano, da forma que vinham observando desde o rio que batizaram no janeiro último: o rio de janeiro.</div>
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<img alt="" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGozg7sM2gnEXGP_qgV0k4NCqpsZAH283WOwWV2BNccBs5FfARjeRAFxH2dvdcCt8iLoDgIjvlc47kM6Ru4dLND3g1swbKS9CkrgS_tAWIChkrjJbmPB73_gWBvRoudWU1zSQt7Ef3jyfE/s400/Caravela-Boa_Esperanca_Portugal.jpg" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5276851639742727970" style="cursor: hand; display: block; height: 205px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 289px;" /><br />
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<br />
Os homens também haviam relatado que estavam de fato numa ilha, que vista do morro podiam confirmar outra barra ao sul, com ondas que quebravam sobre bancos de areia, sendo portanto melhor a utilização do canal pelo qual entraram, caso retornassem.</div>
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<br />
Américo se punha a escrever nos pergaminhos que sacou de sua bolsa de couro de carneiro. Gonçalo Coelho pergunta-lhe sobre qual sua sugestão. Seguiam viagem de retorno à Portugal ou continuavam a viagem à oeste? </div>
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O florentino Américo Vespúcio, homem curioso e culto, sabia que aquele lugar lhe inspirava á algo mais especial na vida do que havia feito até então. Sugere a Gonçalo que ali pernoitassem, para que no dia seguinte avançassem à oeste por aquela que poderia ser a grande descoberta da sua era : a passagem paras as ricas especiarias das Índias.</div>
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Á tarde um temporal vindo de noroeste se abate sobre as caravelas, relâmpagos e trovoadas assustam alguns dos novatos marinheiros da flotilha, mas a chuva generosa serviu de alivio àqueles lusos desacostumados ao tórrido calor tropical que colava suas roupas na pele pela umidade que se misturava ao suor de seus corpos cansados pela odisséia que viviam.</div>
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Os veleiros balançavam na enseada, aproadas a noroeste e seguras pelos ferros que brigavam contra a corrente que vazava.<br />
Passada quase meia hora, o temporal era apenas uma chuva de verão, e a marujada aproveitava para refrescarem-se em merecido banho.</div>
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<br />
A noite caía calma. Era hora de descanso para a exploração que se daria na manhã seguinte. O paraíso chamava. A Europa e suas famílias eram distantes. Os pensamentos embalavam o sono e a noite se fez. </div>
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Américo não dormia. As estrelas eram sua paixão. O céu austral era totalmente novo. Que inveja os astrônomos europeus sentiriam dele quando escrevesse seu livro com seus apontamentos e descoberta de novas constelações. Que cálculos, alturas, longitudes e latitudes poderiam ser extraídos destas observações que só ele era capaz de abstrair daquele ambiente naquele momento. Seu astrolábio é retirado do estojo de madeira, e as tabelas do almanaque são iluminadas pela lanterna de óleo de peixe que sua apertada cabine lhe oferecia. Sua intuição começava a ser confirmada por suas medições, mas esperaria o dia seguinte para conversar com Gonçalo, o comandante.</div>
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Os suspiros de botos nos costados das embarcações parece que convidavam a todos a um passeio pelo interior do estuário. As araras despertavam as tripulações, e os capitães davam o início à faina do dia. Os ferros foram levantados para aproveitar a maré que enchia a baía com água que o mar oceano mandava. </div>
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Enquanto o terral de sudoeste suavemente estufava as velas, os capitães timoneavam seus veleiros numa orça folgada, enquanto os homens da vigia miravam atentamente o caminho que haviam mentalizado ao subirem no alto do morro da ilha. A cor das águas e suas marolas, indicavam se haviam baixios ou pedras que impedissem o passo. Mas tudo estava limpo, e as naus lentamente adentravam à baía.</div>
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A estibordo uma imensa baía se apresentava a norte/nordeste, mas o rumo era oeste, assim seguiam.<br />
A água limpa do oceano empurrando as três caravelas adornadas com seus estandartes lusos eram naves estranhas àquele paraíso, que nunca mais seria o mesmo.<br />
Américo e Gonçalo, espreitavam as margens e horizontes com suas lunetas, tudo era belo como desde o início em que chegaram à estas terras reclamadas pela Coroa Portuguesa, seus senhores.<br />
No final da ilha em que estavam, podiam notar o contorno que esta fazia em direção ao oceano, conforme descrição dos homens que haviam escalado o morro. Percorridas 6 milhas náuticas, à bombordo outro canal interior se apresentava saindo possivelmente de ilhas que mostravam seus contornos e alto relevo do meio de uma vegetação plana. Era a ilha que os Carijó chamavam de cotinga, o passarinho colorido que costumava ter ali seu <em>habitat</em>. </div>
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Quanto mais penetravam no interior daquele estuário, mais olhos espreitavam aquelas grandes pirogas à vela nunca vistas no mar redondo .<br />
Os Carijó estavam atônitos. Já tinham ouvido falar que seus parentes mais a nordeste e ao sul, de que homens de pela clara tinham sido abandonados naquelas terras e estavam vivendo entre seus primos de outras regiões, mas quem estariam naqueles barcos enormes que lenta e silenciosamente invadiam a sua parnaguá?</div>
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Seus barcos gigantescos não eram possíveis de serem enfrentados com suas frágeis canoas, os homens a bordo quase não mostravam seus rostos, eram vestidos com roupas e metais que cintilavam à luz do sol que aos lhe ofuscava a visão ao fixarem-se na aproximação daquelas estranhas naves. A mente Carijó estava confusa. Eram impotentes. Seus primos falavam a verdade, não era lenda. Os homens brancos e grandes naves existiam, e chegaram!</div>
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Aquela passagem não terminava, os capitães sacavam água da baía e experimentavam: "salgada!" gritavam ao comandante. Américo mal se continha. Água salgada após ter adentrado 14 milhas rumo oeste no continente desde que levantaram ferro da enseada das Conchas, era sinal que poderiam ter encontrado a passagem à oeste. Ao mesmo tempo algo lhe inquietava: A longitude.</div>
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Três anos após sua primeira viagem, ao Caribe em 1498 à serviço dos Reis Católicos de Espanha, Américo aperfeiçoara seus cálculos da longitude que conseguira fazer naquela viagem. Sendo um homem da renascença européia educado com a nobreza de Florença, sua aprendizagem em geometria e matemática lhe davam os fundamentos para fazer ensaios de navegação astronômica dominada por poucos na época. A latitude já era plenamente dominada por pilotos e cosmógrafos lusos e castelhanos, mas a longitude não.</div>
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Vespúcio sentia que estava "demasiadamente a oeste" para uma expedição a serviço de Portugal.</div>
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Nas proas das caravelas, as medições de profundidade davam segurança folgada ao avanço da flotilha de Gonçalo Coelho, que após a ilha cotinga orçavam lentamente para oeste/noroeste, e ainda mirava-se água à frente. A busca da passagem continuava.</div>
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O sol a pino, céu azul brilhante, a faces começavam a mostrar seus primeiros pingos de suor pelo calor úmido torturante para um marujo europeu. Os capitães e Américo atentos nas muradas. Enquanto a corrente de maré aos pouco se enfraquecia, e a brisa terral ia sendo expulsa pelo calor do dia que prometia temperaturas elevadas, comum ao verão na região do Trópico de Capricórnio.</div>
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Percorridas cerca de 20 milhas, o vento parou, a maré estofa. Eram passadas duas horas do meio dia. O calor chegava a 36°, comum nesta época do ano, mas nunca para um europeu. O Comandante pára a flotilha. As sinalizações por bandeiras que ficam caídas nos mastros, os ferros são lançados. </div>
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Os contrafortes rochosos estão mais nítidos. Uma muralha granítica iluminada pelo sol daquela hora, não vislumbra alguma sombra que indique uma passagem. Parece o fim do caminho.<br />
"Índios!" grita o capitão de uma das caravelas. As lunetas se voltam a bombordo ao lado de uma ilha com um morrete e uma pequena praia à embocadura de um rio. Cerca de cinco canoas ficam à distância expondo-se aos veleiros lusos, como que esperando um gesto que indicasse uma tentativa de comunicação. Tal como fazem com tribos inimigas, os Carijó pararam sua pesca de bagres naquele local onde estes peixes abundavam - <em>o nhundiaquara,</em> permanecendo imobilizados fitando à distância aqueles estranhos seres que adentravam em sua baía.</div>
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Gonçalo ordena que alguns batéis sejam postos na água e que seja tentado contato com a gente da terra. Anzóis, facas, espelhos e miçangas foram prontamente embarcadas para o encontro. Os marinheiros de escolta com arcabuzes, seguiam os batéis da frente para lhes dar cobertura. As lembranças de seu companheiro atacado e comido pelos Tupinambá ao chegarem na costa da Terra do Brasil não era esquecido.</div>
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Uma apreensão tomou conta do ar. Quatro batéis com marinheiros e soldados se afastam a remos das caravelas com suas velas com a Cruz de Cristo encarnada, flutuavam na brisa que ocasionalmente soprava naquela hora.</div>
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Os Carijós de pé nas suas pirogas e um capitão da flotilha de pé no seu batel, se aproximava acenando presentes, que aos olhos incrédulos dos homens nativos não parecia ser objeto de agressão: Uma bodurna, uma lança ou uma flecha.</div>
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O passo das remadas dos lusos vão tornando-se mais suaves e cada rosto fica mais definido um ao outro. Corpos cobertos de uns e desnudos de outros. Gestos medidos e lentos, temperados pelos suor do medo e tensão, são ingredientes de civilizações distantes que naquele dia de verão do ano 1502 do calendário do Papa Gregório , se encontram na <em>parnago</em><em>á</em>. </div>
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Os donos do grande mar redondo, recebem os presentes daqueles estranhos homens de pele branca que cobrem seus corpos com tecidos estranhos e alguns com a cabeça com um cocar de metal.</div>
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A ilha eles chamavam de <em>guarapirocaba</em> - lugar onde as garças trocam as plumas - que um dia o homem branco cinco séculos depois chamaria de Ilha do Teixeira.</div>
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A tensão diminui. Ao longe na boca do rio, mais pirogas Carijós aparecem à visão das lunetas de Américo e Gonçalo, mas ficam à distância, mirando aquela cena insólita onde seus irmãos se encontram com homens vidos das grandes canoas. As mentes fervem. O dia do encontro havia chegado. A lenda torna-se realidade.</div>
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Enquanto a maré está no seu estofo, Américo degusta a água do local. A salinidade é menor. A água doce misturava-se a salgada. Não havia mar oceano pelo meio da montanha. O estreito para as Ilhas Molucas não seria por ali.</div>
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O capitão enviado por Gonçalo gesticula. Obedece aos gestuais de praxe, demonstrando amizade e mostrando algumas peças de metal dourando na tentativa de obter alguma confirmação de conhecimento por parte da gente da terra. Os Carijó apontam para a serra-acima, induzindo o luso a perceber que em algum lugar além da parede rochosa o metal era conhecido.<br />
Gestos para seguir-se adiante com as caravelas não foram otimistas na interpretação dos marinheiros. Os Carijó demonstravam que as grandes canos poderiam ir mais adiante, mas o fim do caminho era próximo.</div>
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Enquanto batéis e pirogas se confraternizavam, as velas latinas e as proas dos veleiros rondavam para leste. A maré de enchente trazia o vente de leste/nordeste. Gonçalo sinaliza aos seus homens que é hora de voltar, e assim o fazem. Despedidas com acenos com mães desarmadas expressam a confiança estabelecida pelos dois grupos, e os batéis retornam às caravelas.</div>
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À bordo, o capitão de Gonçalo descreve suas primeiras impressões, e transmite a Américo o que ele pressentia: Os nativos dizem que não há passagem por água para o outro lado da serra. Era o fim do que se costumava chamar de "rio" , já que não era uma passagem estreita: Um estreito.<br />
"Levantar ferros!" </div>
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As três embarcações iniciaram sua velejada a rumo leste, contra o vento, ziguezagueando pelas águas da baía. A maré enchendo e o vento tornando-se cada vez mais forte, lhes davam plena segurança de uma bela velejada, fazendo uma infinidade de bordadas, tal qual uma regata à vela em plena Baía de Paranaguá.</div>
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A tarde se pronunciava, o sol mostrava a Américo que iria se pôr através dos contrafortes rochosos que a ele foi proibido ultrapassar, mas, permitido a sonhar.<br />
Gonçalo sinaliza à flotilha o que havia combinado. Retornariam à ilha na saída da barra, e soltariam ferros no mesmo local onde pernoitaram na noite anterior e de lá planejariam seu regresso à Portugal.</div>
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Aos Carijó ficariam algumas lembranças e estórias para seus filhos e netos, de homens e naves poderosas que um dia no futuro voltariam para revê-los, que somente muitas décadas após este encontro a história seria outra: E diferente.</div>
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Ao entardecer na praia da enseada das Conchas, na ilha que seria conhecida mais tarde por ter muito mel, Américo e os capitães se reúnem para conversar, como de costume. O florentino surpreende a todos ao declarar que "não estamos em terras do nosso sereníssimo Rei de Portugal. Pelo Tratado de Tordesilhas que Vossa Majestade firmou com os Reis Católicos de Espanha, entramos em terras de Castela."</div>
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Os capitães ficaram decepcionados. Afinal, serviam ao Rei de Portugal, vieram até aqui em reconhecimento e à serviço deste. Para o comandante Gonçalo Coelho, era o fim das expedições nas Terras do Brasil.</div>
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Como o faz os cultos e nobres, Vespúcio pôs-se a explicar a todos em que latitude se encontravam, e com base em cálculos que desenvolvera há três anos atrás, a serviço dos Reis de Castela, sacou seu astrolábio e almanaques, enquanto a marujada reunia-se no seu entorno sob a permissão de Gonçalo.</div>
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Explicou que desde a latitude 24°, a costa destas terras inclinavam-se cada vez mais à oeste, o que tenderia a colocar as terras mais ao sul, sob jurisdição espanhola, conforme acordado em Tordesilhas. Pelos seus cálculos na noite anterior e com as medições que fizera e com a expedição ao interior do continente que fizeram hoje, o contato com aquela gente da terra seguramente estava em território castelhano.</div>
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A decepção abateu-se naqueles marinheiros que naquela noite calma, se refrescavam pela brisa do oceano que estourava suas ondas no outro lado da ponta da ilha, após um dia escaldante e tenso com o contato com os Carijó.</div>
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Em volta de uma fogueira, assando peixes na brasa, escudando-se na fumaça para protegerem-se de minúsculos mosquitos do tamanho de um grão de pólvora, murmuravam uns aos outros sobre seus destinos.</div>
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Américo Vespúcio era um diplomata. Comerciante italiano, representantes de interesses comerciais florentinos junto a reis e rainhas ibéricos, navegante por paixão, e culto por formação na sua terra natal, estava ali, numa praia deserta de um novo mundo, longe da civilização européia, cercado por marinheiros incultos, tentava levantar-lhes o moral explicando-lhes onde estavam e a importância daquela expedição, e que sentia a proximidade do "achamento" da passagem às Índias em algum lugar daquelas costas mais ao sul.</div>
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Defrontavam-se com uma decisão a tomar: Regressar a Portugal ou seguir ao sul em busca da "passagem" e entrar para a história?<br />
Gonçalo num gesto nobre, presidiu a primeira assembléia democrática no novo continente, deixando nas mãos de seus homens tamanha decisão. Avisou-os que, por estarem em terras castelhanas, segundo explicava Américo, deixaria de comandar a frota caso a decisão fosse a de avançar ao sul.</div>
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Não houveram dúvidas. Aqueles homens, rudes, corajosos e marinheiros, confiaram a Américo Vespúcio o comando da frota, que na única vez em sua vida exerceu tal cargo. Concordavam em velejar mais ao sul e aventurarem-se a novos descobrimentos. E assim foi feito.<br />
Os capitães então ordenaram que no dia seguinte fariam aguadas e cortariam lenha para a campanha, pois com isso teriam suprimentos para os próximos seis meses até o retorno a Portugal.</div>
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Enquanto naqueles dias os marinheiros faziam a faina dos barcos e se preparavam para seguir viagem, os Carijó sentiam mais à vontade de aproximarem-se da flotilha ancorada. Pirogas vinham juntar-se aos lusos, oferecendo-lhes peixes e frutas, buscando fazer trocas por qualquer objeto de metal ou vidro onde seus olhos podiam mirar. Enquanto os homens cortavam lenha e faziam tábuas para a manutenção dos tabuados das embarcações eram , admirados sob os olhares admirados dos Carijó. Facões e machados eram os objetos do desejo índio. Afinal, a derrubada de um árvore para a confecção de uma canoa que levaria quase um dia , um machado a colocava no chão em menos de uma hora. Uma nova tecnologia era conhecida pelo povo da baía.<br />
Naqueles dias de verão os corpos estavam desnudos, bem feitos e belos, apresentavam-se aos brancos estupefatos sem nenhuma vergonha.</div>
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Os dias se passavam e as resistências recíprocas iam se dissipando pela confiança mútua que se estabelecia. Poucos dias antes da partida da frota, um grupo de índios chegara à presença de Gonçalo e Américo. Era uma bela mulher índia e seu companheiro, com sua filha com aparência doentia. Os gestos nervosos da mulher indicavam uma súplica para que os comandantes prestassem algum auxílio à menina índia. </div>
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<img alt="" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhY9x2Sg0EYwZ1qbwnTqVWBcllmVivqB2e9titc9CZBZoiRzuvTJCCPfpWfgof6g5kQqXTCcTTGl3Y_ocMV6wdhO0eTHaCwfIRYqr1c6TlJA6JSqTiGJh6mNvJaPHe3811X3Tyxdc50eSy/s400/Mapa+1653+baia+paranagua.jpg" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5276851754928612130" style="cursor: hand; display: block; height: 303px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 247px;" /><br />
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Nada podiam fazer para aplacar a febre que demonstrava a criança. Após a família Carijó retirar sem a esperada cura para o mal que abatia sua menina, Américo subiu o morro da ilha , em frente à enseada em que estavam ancorados. Era hora de batizar o local da mesma forma que já havia feito durante a expedição até ali com os nomes cristãos que o almanaque vinha indicando: Cabo de Santo Agostinho, Baía de Todos os Santos, Rio de Janeiro, Ilha de São Vicente.</div>
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Mas no alto da colina, apreciando a bela baía na qual tinha explorado há duas semanas, o convívio pacífico com o "gentio" da terra, e pensando na mãe índia que tristemente se retirara sem a cura para a filha, Américo antes de abrir suas cartas náuticas para assinalar e nomear aquele lugar, lança mão de sua Bíblia, e vai diretamente ao livro de Mateus (15.21-29), pois sua mente de homem altamente religioso presumia que aquele momento e lugar tinham algumas similaridades com uma passagem muito especial, e pôs-se a ler:<em></em></div>
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<em></em><br />
<blockquote>
<em><em>"Jesus saiu dali e foi para a região que fica perto das cidades de Tiro e<br />Sidom [ cidades no litoral do mar Mediterrâneo, fora da terra de Israel]. Certa<br />mulher Cananéia, que morava naquela terra, chegou perto dele e gritou: --<br />Senhor, filho de Davi, tenha pena de mim! A minha filha está dominada por um<br />demônio e passando muito mal [...].E naquele momento a filha dela curada. Jesus<br />saiu dali e foi até o lago da Galiléia. Depois subiu um monte e sentou-se".</em></em></blockquote>
<em><br /></em><br />
<em></em><br />
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<em><br /></em></div>
Américo já sabia que nome a batizar aquele lugar: Rio da Cananéia e sua bela ilha (atual "do Mel"). Da mesma forma, que fizera antes para as baías que (as quais era comum os cartógrafos da época chamarem de "rio"), mais ao sul , batizaria o Rio de São Francisco (atual ilha de São Francisco do Sul, e sua baía de Babitonga). Anotou as medições de latitude do lugar e anotou-os no seu "livrinho" que mais tarde entregaria por empréstimo ao Rei de Portugal.<br />
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Duas semanas haviam transcorrido. Ventos nordeste permitiram às três caravelas velejar folgadamente pelo canal sueste da barra, enquanto a maré vazante acelerava os veleiros que contornavam a Ilha do Mel , apontando suas proas ao su-sudoeste, no rumo que a agulha de Américo indicava. </div>
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O mundo não seria mais o mesmo. Nem tampouco a Baía de Paranaguá.</div>
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<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=7717484774104320863#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title="">[1]</a> <em><span style="font-size: 85%;">Este capítulo é uma ficção desenvolvida pelo autor, baseado na sua tese histórica fundamentada neste livro-blog.<br /></span></em></div>
Daniel Lucio Oliveira de Souzahttp://www.blogger.com/profile/17459041040263419497noreply@blogger.com5